RECORDAR É... (re)VIVER !
RECORDAR (também) É VIVER !
Nasci (e vivi) numa favela carioca e minha vida jamais foi um mar de rosas... mas eu estaria mentindo se declarasse que os momentos vividos junto à Família Leite Guerra não foram tempos de prazer e de alegria, um pedaço do Paraíso para um jovem que achava sua vida um inferno.
Creio ter conhecido José Lucílio por volta de 1974 ou 75... talvez quando êle passou a fazer parte de nosso grupo de voleibol (e de "pelada", da qual gostava pouco) na praia de Copacabana, Posto 3, por intermédio de amigos comuns, o Cláudio "Sorriso" ou o Amílcar, sei lá. Como participávamos de rodas de Capoeira embaixo do prédio dele, talvez eu o tenha conhecido ali.
"Zé" me introduziu sem a menor cerimônia em sua casa, exigia que dormisse lá uma ou outra noite, quando ficava muito tarde para eu subir o Morro dos Cabritos, tateando na escuridão a pedreira lisasobre o Túnel Velho.
Suas irmãs e irmãos, a elegante e simpática mãe dona Lúcia (parecia a Sophia Loren, disse-me uma amiga virtual recentemente) e o simplicíssimo pai me recebiam como membro da Família, sem a mínima discriminação ou estranheza.
Se eu amanhecia num domingo lá, o sr. José Bernardo-pai me convidava para um passeio matinal pela Feira próxima... rotina que êle adorava, notava-se o seu entusiasmo por tudo nela. Ao final, parávamos ao lado de uma kombi branca, caindo aos pedaços, onde numa cozinha improvisada se produziam tapiocas, o cheirinho de manteiga e leite de côco perfumando o ar. O velho "Lhusco" -- apelido carinhoso dos filhos e filhas para o melhor dos pais -- ignorava minha recusa e me "empurrava" imensa rodela de tapioca quentinha, êle próprio experimentando outra, igual. Meu domingo estava ganho... o pai que nunca tive (hoje ainda vivo e com mais de 95 anos) estava ali, ao meu lado, me tratando como um filho, sem distinções nem mesquinharias.
A Vida é feita de recordações... algumas amargas, mas a maior parte de momentos felizes. A tal Eternidade de que tantos falam é, pelo menos para mim, levar na memória e no coração a imagem de pessoas bondosas que não nos negaram um sorriso, um momento de carinho, um minuto de atenção. Eis pois meu preito de gratidão à Família GUERRA, por ter dado sentido à uma jovem vida que me parecia feita só de desgraças. Obrigado a todos vocês, torço para que sejam sempre unidos e felizes, ainda com a mesma alegria.
"NATO" AZEVEDO ("General")
ANANINDEUA, Pará. 11/junho 2011
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VIVER É LUTAR !
Eu, que passei a Vida tão sozinho,
tive nos Leite Guerra sempre apoio
e, ao separar na lida trigo e joio,
carinhos recebi, mais pão e vinho.
Co'o velho "Lhusco" num passeio amigo
ou com as Lúcias, Jôs e "Zés" queridos
bem sei que compensei anos perdidos...
por ter que subviver junto ao perigo!
Vencendo dramas, tristezas, desgraça,
os GUERRA lutam com raça, com graça,
mantendo a união e a alegria.
Eu cumpro, longe deles, solitário,
-- sem amizades -- triste itinerário,
lembrando sempre a bela companhia!
"NATO" AZEVEDO
(Dedicado a Família GUERRA, luz nas
minhas noites negras, farol amigo a
iluminar os meus caminhos. "TÓQUINHO")
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RECORDANDO VOCÊ !
Te perdi não sei quando !
E perdido ando
desde então !
Iluminado por teu sorriso,
agasalhado por teu carinho,
alimentado por teu amor...
vou seguindo sozinho
com um fio de esperança.
Sei que vivo ainda
sob a tua lembrança,
JOMARA-linda !
"NATO" AZEVEDO (1984)