UMA VISITA DESCONTRAÍDA, DE MUITAS RISADAS
UMA VISITA DESCONTRAÍDA, DE MUITAS RISADAS
Numa tarde de setembro, Olavo conversava com Olga, uma de suas irmãs, durante uma visita que fazia à cidade em que nasceu, no interior de Minas. Conversa vai, conversa vem, quando Olga lhe perguntou: você sabia que Joaquim Surdo sofreu derrame cerebral? Pois é, ele está fora de perigo, recuperando-se na casa de Zeferina. Hoje à noite, depois que jantarmos, nós iremos lhe fazer uma visita. Você sabe que ele foi nosso vizinho e muito amigo de nosso saudoso pai.
Às 20 horas em ponto, os dois irmãos bateram na porta da casa de Zeferina, sendo muito bem recebidos, como se fosse dia de festa. Sentem-se nesse sofá. Vou ao quarto avisar a meu tio que tem visita.
Foi memorável, quando o ancião bateu os olhos nos visitantes. Todos ficaram contagiados com tanta alegria! Olavo sentou-se numa cadeira bem perto da cama do seu Joaquim. Olga sentou-se noutra cama paralela, ao lado de Zeferina. Depois de muita conversa descontraída, sem formalidades, Olavo resolveu indagar, em voz alta: meu tio, o senhor ainda continua com aquela antiga ideia de se casar novamente?
O velho, bastante enfático, foi logo respondendo: meu filho, esse velho aqui é osso duro na queda. Não é homem de desanimar com pouca coisa, não. Quero casar, mas se eu encontrar uma mulher com uns 30 a 35 anos. Querendo botar mais pimenta na conversa, Olavo retorquiu: meu tio, por que o senhor não procura uma mulher com uns 60, ou com um pouco mais? Ah, meu filho, mulher com mais idade tem o queixo muito duro e não obedece mais a gente.
Zeferina que conversava com Olga sentada na cama do lado, foi logo indagando: mas pra quê, meu tio? O seu Joaquim, na casa dos 86 anos, com a audição bastante comprometida (só ouvia, se falasse bem alto e perto do ouvido), ia só repetindo: hã! Mas pra quê, meu tio? Hã!...Passados alguns minutos, ainda no calor das risadas, Zeferina virou-se para Olga, dizendo: eh, Olga, o mais difícil de tudo é na hora de colocar esse velho para urinar! Como assim? Perguntou Olga. Ah, até desembainhar a “cornicha” desse velho leva quase um ano! Aí, todos caíram em risadas. Não sabemos se seu Joaquim ouvia direito a conversa. Só sabemos que também não se conteve de tanto rir.
(Nota do autor: seu Joaquim Ferreira, a quem eu chamava de tio foi protagonista de uma linda história na cidade em que nasceu. Gente simples. Gente do povo. Era dono de um repertório humorístico fantástico. Ninguém ficava triste perto dele. No dia 22 de novembro de 2012, seu Joaquim partiu para outras esferas, deixando uma legião de amigos, muita saudade e um legado de honra, que enobrece toda a sua trajetória de vida. Por tudo que foi é que é reverenciado e admirado. A pedido da família, escrevi o resumo biográfico dele e publiquei no site Recanto das Letras, um dos sites de literatura mais lidos do país. Meu tio Joaquim, durma o sono da paz, na Casa do Pai!)