EMBRIAGUES
Vezes em quando, ou quase sempre, escrevo alguma crônica sobre manguaça. Sobre o gosto pela embriagues. Até já estava preocupado. Que gosto seria esse, em escrever sobre a embriagues, sobre o lado bom de se viver embriagado? Claro que nas entre-linhas dos meus textos, sempre consta o fato de não ficarmos passando a vida em branca angústia e que precisamos recorrer a fatos e circunstâncias para enfrentarmos o fardo do tempo, o peso das convenções e obrigações.
Escrevo sobre as angústias da solidão dos grandes centros urbanos, do stress que a modernidade dos tempos nos provoca. E escuto, a todo momento, a necessidade de termos “válvulas de escape”, para desopilar o espírito, aliviar as tensões e viver um pouco melhor.
Pescar, por exemplo. Um bom caminho. “Está stressado? Vai pescar”. Conhecido esse chavão, não é? Mas não é só pescar. Precisamos de um hoby, de uma atividade de lazer que gostemos, que nos envolva, que ajude a aliviar a carga do fardo que carregamos nos ombros no decorrer dos dias.
E por isso também se criou o hábito de nomear qualquer atividade de lazer freqüente, que nos seja gostosa, envolvente, motivadora e continuada, como “uma cachaça”. Jogar futebol todo domingo, é uma cachaça. Colecionar isso ou aquilo, é uma cachaça.
Então, sempre ligo cachaça, manguaça, com atividades de lazer e entretenimento. Com a necessidade de se fugir, por momentos, das atividades obrigatórias desse mundo cão, que nos mantém, obrigatoriamente, em alta tensão. E nos faz mal.
Mesmo assim, mesmo ciente do sentido das minhas colocações sobre boteco, sobre cachaça, sobre manguaça, sempre me preocupava o fato de que meus textos poderiam ser sim considerados como uma apologia ao bêbado, ao alcoolismo e outros maus hábitos, ou hábitos socialmente condenáveis.
Até que li uma crônica, escrita lá pelos anos de 1800, pelo poeta Frances Charles Baudelaire, que diz:
“Para não ser como os escravos martirizados do tempo, embriaga-te. Embriaga-te sem cessar. De vinho, de poesia ou de virtude. A teu gosto...”
Li e fiquei aliviado. Eu sou normal. Desde velhos tempos e por poetas consagrados no velho mundo, a necessidade da embriagues já era cultuada. Claro que ele foi mais claro, quando diz que se deve estar sempre embriagado, seja “de vinho, de poesia ou de virtudes”. Ao gosto de cada um.
Então, viva a manguaça sim. Sem culpas. Manguaça de cachaça, de sentimentos ou de qualidades pessoais. Mas sempre manguaçado.
Vezes em quando, ou quase sempre, escrevo alguma crônica sobre manguaça. Sobre o gosto pela embriagues. Até já estava preocupado. Que gosto seria esse, em escrever sobre a embriagues, sobre o lado bom de se viver embriagado? Claro que nas entre-linhas dos meus textos, sempre consta o fato de não ficarmos passando a vida em branca angústia e que precisamos recorrer a fatos e circunstâncias para enfrentarmos o fardo do tempo, o peso das convenções e obrigações.
Escrevo sobre as angústias da solidão dos grandes centros urbanos, do stress que a modernidade dos tempos nos provoca. E escuto, a todo momento, a necessidade de termos “válvulas de escape”, para desopilar o espírito, aliviar as tensões e viver um pouco melhor.
Pescar, por exemplo. Um bom caminho. “Está stressado? Vai pescar”. Conhecido esse chavão, não é? Mas não é só pescar. Precisamos de um hoby, de uma atividade de lazer que gostemos, que nos envolva, que ajude a aliviar a carga do fardo que carregamos nos ombros no decorrer dos dias.
E por isso também se criou o hábito de nomear qualquer atividade de lazer freqüente, que nos seja gostosa, envolvente, motivadora e continuada, como “uma cachaça”. Jogar futebol todo domingo, é uma cachaça. Colecionar isso ou aquilo, é uma cachaça.
Então, sempre ligo cachaça, manguaça, com atividades de lazer e entretenimento. Com a necessidade de se fugir, por momentos, das atividades obrigatórias desse mundo cão, que nos mantém, obrigatoriamente, em alta tensão. E nos faz mal.
Mesmo assim, mesmo ciente do sentido das minhas colocações sobre boteco, sobre cachaça, sobre manguaça, sempre me preocupava o fato de que meus textos poderiam ser sim considerados como uma apologia ao bêbado, ao alcoolismo e outros maus hábitos, ou hábitos socialmente condenáveis.
Até que li uma crônica, escrita lá pelos anos de 1800, pelo poeta Frances Charles Baudelaire, que diz:
“Para não ser como os escravos martirizados do tempo, embriaga-te. Embriaga-te sem cessar. De vinho, de poesia ou de virtude. A teu gosto...”
Li e fiquei aliviado. Eu sou normal. Desde velhos tempos e por poetas consagrados no velho mundo, a necessidade da embriagues já era cultuada. Claro que ele foi mais claro, quando diz que se deve estar sempre embriagado, seja “de vinho, de poesia ou de virtudes”. Ao gosto de cada um.
Então, viva a manguaça sim. Sem culpas. Manguaça de cachaça, de sentimentos ou de qualidades pessoais. Mas sempre manguaçado.