Lady in Yellow
Vestia amarelo, tinha a aura do tamanho do céu. Seus brincos, também amarelos, chamavam a atenção para seus olhos cintilantes que eram como as estrelas. Parecia estar tão em paz, pois andava suavemente, quase como se estivesse voando, dançando. Seu corpo se movimentava como as letras numa folha em branco exigindo que o escritor as transformasse em poema.
- Oi! - disse, olhando seu reflexo em meus olhos. Ela sorriu, sorriso sapeca de sereia, sabia que tinha encantando um pescador. Por ela, eu daria todos os meus peixes. Trocaria meu barco por uma rede, só para balançá-la e lhe dar minhas oferendas de amor.
- Vamos? - ela chamou - Estamos atrasados.
Atrasados? Como me mover no espaço, se o tempo stood still. Sim, o presente parava, para ser entregue naquele eterno momento através da magia em ver a Lady in Yellow movimentando-se pela minha estrada, uma vez mais e sempre.
Seus cabelos desciam por suas costas como se formasse um rio; seus braços balançavam pelo ar, com tal graça e estilo, que pensei em compor uma canção, mas a melodia já fora criada e a única forma de ouvi-la e guardá-la comigo seria me aproximando de seu corpo e sentindo cada vibração que vinha da sua direção.
- Você está linda! - disse, abraçando-a.
- Estou nada! Estou parecendo uma grávida!
- Que nada, você está maravilhosamente vestida. - e estava. O vestido realçava seu corpo pequeno e delicado, e o amarelo ao mesmo tempo lembrava que ela era uma mulher forte e guerreira.
Ela deve ter gostado do que falei, pois seu sorriso envolveu-nos de tal forma, que podia jurar que levitávamos pelo ar, vencendo a força da gravidade, desafiando as barreiras do tempo. Estamos juntos a 8 anos e ainda sim, estávamos aprendendo tanto um com o outro, ano após ano, mês após mês, dia após dia.
Ficamos abraçados por um minuto, mas provavelmente durou um ano. Não havia mundo lá fora, congelamos os ponteiros e o relógio olhava enciumado, pois o tempo não conseguiu levar minha Lady in Yellow de mim.
- Você se sente amado? - ela perguntou esses dias.
Minha alegria era a minha resposta. Minha inspiração, a prova. Sim, eu era amado, mas como explicar para minha Lady in Yellow o que eu sentia por ela? Como fazer ela compreender que eu tinha aprendido a ler a linguagem do seu sorriso e que de alguma forma, seu coração batia em compasso com o meu, como se dançássemos uma canção silenciosa que somente os corpos conseguem ouvir, num ritmo que somente os corações amantes conseguem acompanhar.
Sim, eu me sentia amado, pois a porta esteve por todo o tempo aberta e ela não quis partir, optou por esperar pelo seu parceiro da dança da vida, mesmo sabendo que ele ainda precisa aprender a bailar.
- Vamos? - ela chamou uma vez mais e voltamos ao chão.
Havia um compromisso que não podíamos faltar. Então segurei a sua mão, fechei a porta e seguimos na direção do tempo, ocupando o espaço com os nossos movimentos, criando mais uma memória comum do lugar onde estamos, estivemos e sempre estaremos.
Frank
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