INFÂNCIA QUASE PERDIDA

Infância quase perdida

Psicólogos e pedagogos estudaram e estabeleceram fases da vida evolutiva do ser humano e em cada uma descreveram características do processo de desenvolvimento que orientam, norteiam a educação.

Antes mesmo de cursar Pedagogia aprendi que aos sete anos era obrigatória a freqüência à escola; infelizmente esta lei não é fiscalizada, daí o grande número de analfabetos que persiste neste país em que os políticos brincam de “faz-de-conta”. Nesta idade, devido à “maturidade psicológica”, foi batizada de idade da razão e um passaporte para a criança adquirir alguns conhecimentos intelectuais e assumir alguns comportamentos mais “responsáveis”. Parece que as conexões no cérebro ficam mais aptas para um maior discernimento e compreensão dos fatos, utilização mais adequada do processo de abstração e a socialização ganhou espaço, por permitir um certo abafamento de comportamentos instintivos, uma maior lucidez para que o “princípio do prazer” ceda lugar ao “princípio da realidade”. Os estudiosos estão cada vez mais empenhados em elaborar teorias educacionais e psicológicas, baseando-se em observações e experimentações para, com segurança, apontarem melhores e mais eficientes teorias para o homem se tornar melhor e mais apto para viver neste mundo em constante transformação.

Muitas coisas estão mudando com rapidez incrível e o comportamento do homem também. Há muitos pais perdidos na condução da educação dos filhos. A escola está muito mais voltada para o intelecto do que para o emocional, ficando mesmo limitada por conta da força do meio social, com muitos outros tipos de influências, difíceis de se ter um controle.Uma amiga me fala que ficou surpresa em acessar um site de um fotógrafo profissional daqui de Maceió, um dos mais requisitados, e ver as fotos de uma garotinha de oito anos em sua festança de aniversário. Descreve-a como se estivesse debutando em seus quinze anos, inclusive a animação ficando por conta de bandas famosas. Onde ficou a infância? Com esta idade há muitas formas mais inocentes e em horário mais adequado para brindar brincando a passagem dos anos.

Alguns pais forçam, incentivando comportamentos adultos em fases em que não há amadurecimento emocional para tal. A natureza é sábia e não adianta queimar etapas. Faz-me lembrar as frutas amadurecidas em “carbureto”, ou seja, forçara maturação. Podem ficar belas, mas só na aparência, pois perdem o sabor.

Lembro que meus filhos , quando ainda estavam na fase de dez, onze anos, foram para uma festa de um colega em que a bebida alcoólica corria solta e o pai trouxe-os de volta, ficando eles contrariadíssimos. A minha filha, para ir a uma festinha, tinha que dizer os nomes dos pais da coleguinha aniversariante; não era suficiente saber onde morava, pois sempre o pai ia levar e buscar, mas para não ter surpresas com os donos da casa não serem do bem. Fazia esta exigência, embora a filha também ficasse aborrecida. É mais do que importante o diálogo e o controle nesta fase de passagem da infância para a adolescência. Quando acontecem os comportamentos desviantes, não se pode dizer que foram os pais surpreendidos e que não sabiam do que estava acontecendo.Muitos quando se dão conta de comportamentos que não gostariam de ver em seus filhos, querem consertar pelos constrangimentos, contrariedades, preocupações, sofrimentos e, quase sempre, é tarde para remediar o mal que foi se instalando ao longo do processo de desenvolvimento.

Há poucos dias correu na internet e, vi também, em um programa de TV, a mãe que filmou dois garotinhos beijando na boca, na faixa de quatro e seis anos. Fez sucesso, mas o beijo, que é uma coisa gostosa, tem o tempo certo para ser dado, pois há algumas implicações, inclusive sexuais , envolvidas. É engraçado, mas sem graça como adequação para a idade.

Na verdade, valores têm que ser questionados e repassados. Se os pais se sentem perdidos, há formas de buscar esclarecimentos, ou através de leituras, ou acessando informações na internet, ou buscando ajuda de profissionais da Psicologia e/ou Psicanálise. Erros cometidos, até por desconhecimento, deixam marcas para o resto da vida. Nunca estimular perder a infância.

Edméa
Enviado por Edméa em 11/06/2011
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