MINHAS AVENTURAS NO NORTE DO PARANÁ (2)
MINHA VIDA DA CARONISTA
Nos anos 70, quando eu era jovem (não faz muito tempo) era moda pegar carona. Nestas caronas você passa por cada situação e pega cada figura. Vou contar algumas estórias cômicas: A gente ficava sempre "dedando" ali próximo da estátua do Roland. Eu e meu amigo Jair Qualio fizemos um curso em Londrina e nesta época íamos sempre juntos nestas aventuras. Na primeira façanha, depois de esperarmos mais de meia hora alguma alma caridosa e como ninguém parava resolvermos "dedar" um fusca velho caindo aos pedaços que de tão ruim vinha zique-zagueando pela pista com as rodas quase que soltando. Neste fusca vinha o motorista e um acompanhante. Logo que entramos o motorista foi falando: - "Nóis não respeita nem quebra-molas e nem buracos". E para provar ia procurando os buracos da pista pra jogar o carro. O coitadinho do fusca que já estava capegando e com as rodas soltas dava grandes pulos. Batemos com a cabeça várias vezes no teto. Para complicar o cara que ia de passageiro ( tinha uma cabeça pequena igual a um repolho) olhou para trás e com uma cara de maluco falou: - "não sei se vocês sabem, mas não injetamos". Na época nem sabíamos o que era "injetar", mas pensamos que coisa boa não era. Ai depois de passar correndo em uns quatro quebra-molas e jogar o carro em tudo e qualquer buraco o motorista resolveu perguntar: - "onde que vocês querem ficar mesmo? O Jair com os olhos esbugalhados de medo falou gaguejando: Aqui mesmo!...Aí o cara pisou no freio de uma vez arrastando mais de vinte metros, quase capotando. Nem mal abriu a porta já saímos correndo e até esquecemos de agradecer. Paramos mais ou menos em frente a exposição e tivemos que ir à pé até o centro de Londrina. Mas ainda agradecemos a Deus o fato de termos chegado vivos. Neste mesmo dia, para voltarmos para Rolândia estava difícil para conseguir carona então viemos a pé. Enquanto andávamos íamos dedando. Acabamos chegando em Cambé e nada de carona. Quando estávamos um pouco pra frente do Estádio, em uma curva, dedamos um fuscão amarelo que vinha a mais de 120 km/p/h. Quando fizemos o sinal o carro já estava estava bem próximo de nós... o cara se apavorou e pisou no freio de uma vez e saiu no acostamento de terra. Gente, que coisa horrível... o carro freou uns 40 metros e quase cai em uma valeta do lado da pista. Subiu uma grandiosa poeira vermelha. Eu o Jair corremos. Chegamos ao lado do carro com as línguas de fora. Aí um homem moreno com mais ou menos uns 60 anos de idade... um chapéu panamá na cabeça falou bravo: - "vocês ficam num lugarzinho difícil pra pegar carona ein?". Fiquei tão nervoso que falei para o Jair: - "deixa que eu vou na frente". Mas eu queria é ir atrás mesmo - respondeu o Jair. - "pode ir então na frente". Nossa carreira de caronistas foi infeliz. Nas férias de Julho (não lembro o ano) o Jair me convidou para passar uns dias na casa do seu pai no sítio no km. 14, próximo a São Martinho. Fomos tentar carona ali em frente a AABB. O Jair não tinha paciência nenhuma. Esperamos apenas uns 15 minutos e como ninguém parou já veio ele com a aquela proposta: - "vamos indo a pé e dedando. Logo alguém pára". Pra encurtar a conversa fomos conversando, contando piadas e proezas até o sítio e ninguém parou. Saímos de Rolândia por volta das 9:00 e chegamos lá por volta das 13:00 horas. Mortos de fome e sede. Ainda bem que sobrou bastante almoço para nós repormos a energia. Vou contar mais esta: Desta vez estava sozinho. Em frente a estátua do Roland dedei um Maverick V-8 que vinha a mais de 120 k/p/h. Achava impossível que ele parasse, afinal era o meu sonho andar em um carro assim. Para a minha surpresa o cara pisou no freio precisando de uns 20 metros para parar. Quando cheguei do lado o cara foi falando: "entra logo, põe o sinto, não conversa comigo que eu tenho que chegar em Londrina daqui 10 minutos." Pensei em desistir mas a vontade de andar no Maverick era maior. Entrei todo sem jeito e com cara de assustado. Gente!.. ai é que eu vi que o tal do Maverick era um carrão mesmo. O cara saiu queimando os pneus na primeira marcha, na segunda, na terceira....a quarta eu não sei por causa do medo. Minha cabeça colou no banco e com os olhos esbugalhados fiquei só olhando o motorista ultrapassar todo e qualquer carro que vinha pela frente... qualquer que fosse o lugar. Podia ser curva...lombada...com espaço ou sem espaço. Ele era bem melhor que o Rubinho Barrichello. Ao chegarmos próximo ao viaduto de Sertanópolis ele saiu para ultrapassar uma fila de mais ou menos uns seis carros, próximo a uma curva. Quando ele estava ultrapassando o último apareceu de repente um caminhão Scania laranjada na nossa frente. Do lado só havia espaço para o carro e nada mais. Na hora em que íamos bater ele jogou o carro de uma vez para o lado direito e "vupt" passou a Scania a mais de 100 por hora. Não deu tempo nem de orar a Deus. Fiquei com o olhos saltados e o pé "freiando" até amassar o assoalho . Se batêssemos não iriamos sentir nada. Seria um passeio no céu sem aviso prévio. Coitada da minha mãe para lavar depois a cueca. O medo foi tanto que não tive coragem de perguntar ao motorista porque ele estava com tanta pressa. JOSÉ CARLOS FARINA - ROLÂNDIA - PR.