Venha o que vier, meu corpo se abrirá em pétalas de flor
Num gesto que se arde nessa chama indolor
Na selvagem pureza de desbravar o interior
Iniciar-se na aventura de nutrir o dom do amor...
União sagrada e abençoada por Eros
Vivificada por Deus, plasmada no mundo etéreo
Que intumesce, inflama, refulge a chama, te chama
Impunemente acredita que esse amor sobreviva
E consentirmos na trama que o destino arrebatou
Na brincadeira cósmica de espelhar o que for
De dar e de receber o que se é, de improviso
Palavras indefiníveis que não precisam de aviso
Que não precisam ser ditas, por se sentirem bem-vindas
Trocando hálito de nuvens, a misturar nos pulmões
Sangue quente que circula , se confunde nas artérias
Mesmo pulso que se abre no compasso de nós dois
Em carícias emergentes, não se deixa pra depois
Da terra corada que vibra, das bençãos que o céu emana
Desde o néctar do meu seio que quer viver em tua boca
Desde o sumo do meu sexo que dignifica o poder
Pela alma que me escapa e faz morada em teu viver...
Me embriagas de carinho e num momento encontro
Algum tesouro perdido a resgatar em você...
Me derramo no teu plexo, navego por fantasias
Em mares inusitados, mistérios e maresia
Jorramos um mar de estrelas que desaguam pelo olhar
E entrelaçam inteiramente os corações a cantar...
Só então eu te entrego minha criança ferida
Para que a acolhas nos braços e a impregne de vida
Reconheço em ti a força do homem que se constrói
Guerreiro cansado de guerra, menino amante da paz
O acolho no meu peito, no mais feminino amor
E sou novamente em ti, a mulher mais linda e louca
Em abraços que abarcam as carências mais humanas
A força mais indefesa, frágil elevar-se aos céus
Imersos em ondas trêmulas de um presente promissor
Que não garantem o futuro nem a salvação do amor...