Falar curtinho da Silva
Descobri o Brasil quando me certifiquei de que expressões curtinhas, poucas palavras (a expressão delata isso: “de poucas palavras”) tem um significado abusivo na rede mundial de computadores. Você pode ter amigos que falam curtinho. Mas eles possuem a força da expressão. Isso não existe no computador. O computador é uma máquina com baixo nível de força de expressão. Na verdade o computador rejeita tudo o que começa dizendo “é” e mesmo assim é claro que falar pouco é a meta. Todos falam pouco, ninguém bate-papo no computador. Todo mundo fala pautado e saltitando cuidadosamente.
Gozado mesmo é que esses ambientes para diálogos escritos estão sempre encurralados em quadradinhos. Naquele buraco você deve escrever bem pouco. Nesse quadradinho todo mundo estranha alguma frase alheia. Lacônica, ferina.
As empresas estão explorando um modo de diminuir ainda mais a expressão das coisas, para fazer valer mais a conta, a tarifa. É a primeira impressão que fica.
Deus sabe o quanto ninguém é isento de erros. O lucro passou a valer como erro na didática da exploração escandalizante. Para que você não seja tentado a errar, fale curtinho. Não crie intimidades, mas focalize todo o seu ser e mande um “up-load” da barriga da perna. O Honório mandou uma foto dele, dele exatamente não, de seu joelho como se fosse a sua cara “fake”. O nome “verídico” era Pederneiras do 104. Ele argumentava que a foto era "ele" e eles queriam foto, onde haveria qualquer erro? Foto? Você fotografa um cão e coloca lá como foto. Foto é foto.
Mas o pior é esse falar curtinho; sai cada mal entendido. Diga apenas “vai!” e a mensagem tem o peso de “vai, mas vai mesmo...”