A CADEIRINHA DO CACHORRO
 
 


Diferente da Maria Olímpia, eu nunca ‘quis’ ter um cachorro, quer dizer, por livre e espontânea vontade. Eles aconteceram em minha vida. O primeiro de que me lembro, ou melhor, a primeira, papai recolheu na rua e nós a chamamos Peri, sem (ainda) ter a menor noção de que devia ser Ceci... Ela estava prenhe e logo nasceu Lord, que logo mordeu o rosto do meu irmãozinho e mamãe tratou de arranjar-lhe outros donos. Mas Peri ficou. Mudamos para S.Paulo e ela como boa vira-lata adaptou-se perfeitamente à nova vida, vindo a morrer muitos e muitos anos mais tarde, bem velhinha. Depois foi o Mingau, paulistinha que um irmão ganhou da namorada. O cachorro mais divertido que já vi. Estimado por todos na redondeza, circulava livremente pela rua. Foi levado algumas vezes pela carrocinha, mas sempre alguém vinha avisar e lá ia mamãe até os Cafundós do Judas para libertá-lo. Um dia sumiu. Então o entregador do armazém descobriu que tinha sido roubado, encontrou-o preso no quintal de uma casa. Não teve dúvidas, disfarçadamente deixou entreaberto o portão e disse bem baixinho para ele (segundo suas próprias palavras) que podia voltar para seus legítimos donos. Mingau entendeu. Fizemos a maior festa! Depois que ele morreu, fomos presenteados com um irmão dele, o Pererê, que fazia desaparecer coisas: estraçalhava livros, sapatos, bolsas, o que quer que encontrasse... além de morder o calcanhar de todo mundo, sempre.
 
Mais tarde, casada e com filhos, ganhei do meu irmão Toninho o Boing, beagle já adulto, um amor de cachorro. E como vivíamos em apartamento, ele foi para a casa de campo, onde moro atualmente. Era louco para assistir televisão sentado no sofá, mas eu não deixava. Arranjei-lhe uma cadeirinha dessas de praia e ele adorou. Mas na hora de dormir não desgrudava dela, então ia para fora com cadeirinha e tudo. Bem, depois vieram a Branca, o Koló, o Brown... e agora a Pepê... Destes últimos, só a Branca (falecida há um ano) teve o privilégio da cadeirinha. Koló, Brown e Pepê são muito grandes, estão proibidos de entrar em casa!