O Pranto Rolou (Coritiba)

Logo se deu por encerrada a Copa do Brasil no Couto Pereira e iniciou-se a comemoração vascaína, os céus choraram derramando suas lágrimas glaciais e soltando gemidos de dor e tristeza.

O ressentimento divino não se dava pelo simples fato de o Coritiba ter perdido ou de o Vasco ter ganhado, afinal, como se lê em diversos adesivos de carros, Deus é Fiel (porém tal afirmação peca pela falta de comprovação científica – um título da Libertadores – e religiosa – beatificação de Biro-Biro).

O que se passou em campo foi uma pura falta de sorte do time alviverde nas duas partidas decisivas e uma plena competência da equipe cruzmaltina, que soube aproveitar as escassas oportunidades de gol que teve. Mas por qual motivo, então, rolou o pranto celestial?

Em 1974 a grande seleção holandesa apelidada de Laranja Mecânica conheceu o infortúnio do futebol, quando perdeu na final da Copa do Mundo para a Alemanha Ocidental, de virada.

Já em 1982, a Copa do Mundo na Espanha deu mais uma mostra do quão injusto pode ser o futebol. A seleção brasileira apresentava um jogo poético, cantada em ritmo perfeito por Toninho Cerezo, Zico e Cia. Eis que encontrou pelo caminho uma Itália medíocre. O resultado favorável aos italianos decepcionou os amantes do esporte bretão pelo mundo todo. Não à toa um jornal espanhol, ao noticiar a derrota brasileira, usou como manchete a frase “A Copa Acabou”.

Ambas as equipes, apesar das decepções, marcaram a história e vivem no imaginário de todo fã de futebol. Contudo, a situação coritibana não me parece tão animadora. Certamente a torcida alviverde saudará ainda por muito tempo este grupo, mas o reconhecimento nacional e internacional só viriam em caso de conquista do título, apesar dos grandes resultados alcançados ao longo da temporada. O ostracismo parece esperar por um dos melhores, se não o melhor, time coxa-branca da história.

Há, ainda, de destacar-se a injustiça histórica que acaba por acometer estas equipes. O Coritiba de 1985, campeão brasileiro, era inferior ao grupo que perdeu a final para o Vasco ontem, assim como a Seleção brasileira de 1994 (campeã mundial) e a holandesa de 2010 (vice-campeã) eram inferiores às já citadas.

Ontem, dia 08 de junho de 2011, os céus choraram o assassinato do futebol.

Rodolfo Kowalski
Enviado por Rodolfo Kowalski em 09/06/2011
Reeditado em 15/06/2011
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