SEMPRE NÃO É TODO DIA (BVIW)
Como é difícil transformar um sentimento de dor em palavras! Mas eu tenho que falar... Porque aquilo que aparentemente passou, deixou no fundo uma cicatriz. Não sangra mais, mas a marca profunda da ferida ainda está lá. Quieta, se não mexida. Tocada, se torna dolorida.
Eu sempre amei as músicas do Osvaldo Montenegro. E nos momentos de amargura, quando a lama me encobria a alma, eram a companhia que eu queria. Por noites a fio me acompanharam. Eu dormia e acordava... e a música rodava no CD. E quando a luz do dia vazava pela fresta da minha janela, eu me encobria de medos e remorsos. A culpa me tomava inteira e, sedenta, eu bebia o que havia restado na garrafa. E Osvaldo Montenegro ainda cantava... "Sempre não é todo dia"... mas os meus dias eram iguais. Por anos repeti os mesmos dias e as mesmas noites, e toda noite Osvaldo repetia o refrão... E quando eu, perdida, já não distinguia se era noite ou era dia, adormecia chorando e dormindo cantarolava a música introjetada pela repetição.
Estou liberta das águas turvas daquele poço escuro e marginal. Alma mais leve, lavei minha existência do lamaçal imundo do vício. Mas não consigo, até hoje, ouvir que "sempre não é todo dia". Nunca mais consegui escutar a música do meu ídolo...
Gente, ganhei a Prata!
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