Mundo cruel
Os sentimentos são a manifestação mais independente e insana que o ser humano possui. Amor, paixão, dedicação espontânea, bem estar e demais emoções porque passamos e de que precisamos para sermos felizes é do conhecimento de todos, porém sempre infringem alguma regra social, principalmente, e nos cerceia de gozá-los plenamente. Sempre que forçamos a barra para que isso aconteça, existe alguma conseqüência que reduz em algum grau o apogeu da emoção desejada. Para ser menos pessimista e mais específico, eu diria que somos atormentados por estresses de todas as ordens e graus que nos fragilizam a saúde usando o sofrimento decorrente (alguma doença pelo enfraquecimento das defesas do organismo) como via de reação ao vermos contrariado algum desses sentimentos. Como a maioria das pessoas vive à base deles e o equilíbrio com a razão está sempre precisando do contrapeso das privações em nome do tal balanço, o corpo é quem sofre. Poderíamos dizer que tudo isso é paradoxalmente uma condição de sobrevivência, mas eis aí um ponto importante: as discussões sobre como viver. Há aquelas pessoas que mudam de vida depois de cansadas do modo urbano indo para o interior. Há os que casam com o primeiro (a) que aparece não suportando mais a “solidão” (e o inverso também). Há quem resolva romper laços, mudar de cidade, mudar de profissão... É inútil dizer para as pessoas não darem importância às coisas; não ficarem nervosas; não ficarem ansiosas etc., mas isso raramente está ao alcance delas sem a ajuda de terapia, por exemplo. A forma como se vê o mundo e reage aos fatos é o que determina o tamanho do estresse e conseqüentemente, saúde, felicidade ou o caos. Talvez se vivêssemos num sistema menos exigente o índice de doentes seria menor. A exigência de adaptação da pessoa ao modelo considerado “normal” desconhece a sua capacidade de absorver; não considera o efeito colateral, que não raro é catastrófico. Depressão e suicídio dentro desse mesmo sistema é apenas uma reação desesperada dos fracos e não o efeito direto de como se subestima as pessoas.