UM CERTO TOM
Tom, caminha travesso pelas ruas do Centro, com destino a Cinelandia. Esta é sua rota de quase todas as noites desde que assumira as ruas como lar, isso ainda menino.
A vida de mendigo é dura, mas tem lá seus encantos. Vê as pessoas como personagens, batizados em seus pensamentos, com nomes engraçados. Tom ri das roupas, tipos e rostos. Acha muito estranho o universo alheio.
No seu, sobreviver é a pauta de todos os dias, e aí vale tudo, desde pedir até roubar.
Vive e convive com a morte, com o descaso e com a falta de afeto.
No seu mundo, a lei é a do "mais forte", e os mais fracos simplesmente se submetem ou.... não são mais vistos por aí.
Porém, Tom não tem do que reclamar, afinal fugiu de casa devido as surras de todos os dias e a fome constante.
Mal via sua mãe e seus muitos padrastos, sem exceção, o elegeram como saco de pancadas.
Um dia, disse a mãe que ia até a esquina e desde então não a viu mais.
Trocou o lar e mudou o rumo da história. Hoje, seus pensamentos confundem passado, presente e futuro.
Sua pouca instrução o ajuda a ler os cartazes e a contar os trocados. Seus músculos, trabalhados na "academia vida", fazem dele "alguém" entre os outros e seu sorriso cativa as "madamas" que de vez em quando o convidam para alguns... digamos... "serviços".
E assim, ele caminha nas noites do Rio de Janeiro.
Sorrindo das circunstancias e se permitindo viajar nas linhas da vida.
De repente você já passou por ele alguma vez?!
Caso o encontre, diga que escrevi um texto sobre ele.
Combinado?