VIAJAR OU TER UM CÃO ?


Marley não para de fazer arte. Fará um ano de vida, no mês de setembro, ninguém sabe o dia, já que foi recolhido debaixo de um viaduto. Pelos dentes, o veterinário deduz que seja esse o mês. Portanto ainda é um filhote e com muita energia.
Essa noite que passou conseguiu rasgar uma bolsa que deixei em cima da poltrona.
Como minha filha continua viajando, ele está aqui nos fazendo companhia.

Ontem fiquei feliz com a notícia, a Maria Olimpia, escritora do Recanto, decidiu por ter um cachorro. Segundo ela será seu primeiro, e por isso já escolheu raça e nome, e por falar em nome, está dando o que comentar, o nome do cão que ainda nem chegou.
Porém, tenha o nome que tiver, ele sempre virá correndo, quando ela o chamar. Rabinho abanando orelha em pé, sorriso nos lábios, atenderá feliz.
Para ele pouca importância tem o nome. Ter uma(o) dona(o) que o ame, isso é o que importa.

Aqui em casa o que tem aplacado um pouco a ausência das minhas duas amigas de quatro patas, é a presença temporária do Marley.
Ontem, conversando com meu marido, falei: Logo, nossa filha chega e o cão vai embora. A casa vai ficar vazia outra vez.

Estamos entre a cruz e a espada, como diz o ditado. Pois queremos muito outro Golden Retriever. E será fácil conseguir, só temos que ir ao mesmo canil que compramos a Maui, e trazer um filhote, cheio de energia e alegria.
Só que, como planejamos daqui pra frente viajar mais, por períodos maiores. Penso, como vai ficar o pobre cão.
Com uma pessoa que venha lhe dar o que comer e beber todos os dias, e ir embora. Ou em hoteis próprios pra ele, que com certeza nem de longe receberá carinho igual ao nosso.

Faz tempo que planejamos viajar com mais constância, fechar a casa e bater asas, por esse mundão, principalmente ir com mais frequência visitar o filho.
E dentro desse contexto, realmente seria uma judiação, ter um cachorro, para abandoná-lo, por semanas ou meses.

Me lembro que em nossa última viagem, com a Maui e Kauai ainda vivas, quando retornamos, elas estavam tristonhas, saudosas, mais magras, mesmo tendo sido muito bem cuidadas, mas faltava nossa presença, e o nosso carinho.

Me veio à memória, uma poesia da escritora Cecília Meireles, que diz mais ou menos assim: "Tenho um tostão. Não sei se compro uma bala ou se guardo o tostão. Se comprar fico sem o tostão, mas chupo a bala, se guardar fico com o tostão, mas não chupo a bala".

Assim estou eu, se opto por ter outro cachorro, tenho que alterar os planos de passar períodos maiores fora de casa, viajando.
Se, continuo com o projeto e viajo mais, fico sem o cão.

Os dois não posso ter, pois são incompatíveis !


Lenapena
Enviado por Lenapena em 09/06/2011
Reeditado em 13/11/2011
Código do texto: T3024010