A você, com todo o meu carinho e minha admiração
Saber que uma pessoa é boa não a livra da morte.
Engraçado como, às vezes, damos essa temporariedade eterna
às pessoas boas.
Quando elas se vão, parece que parte da nossa esperança também se vai. É como se não acreditássemos que outras pessoas igualmente boas, talvez até melhores, estão por aí em algum lugar à espera de nos conhecer.
Pretensão também achar que seremos rodeados somente por elas. Talvez nem sejamos bons o suficiente para isso. Talvez, por isso mesmo elas deverão estar em nossa vida perpetuamente, mesmo após sua partida.
O fato é que quando uma pessoa digna, alegre, cuja bondade transparece no olhar, no sorriso, nas atitudes se vai, a dor consome não somente pela saudade que ela deixa, mas pela preocupação de ser cada vez mais raro o surgimento de pessoas assim por aqui, nessa nossa casa tão bela e paradoxalmente tão triste.
Alguém me disse: Ela cumpriu a missão para que veio.
Penso: talvez...
Quem sabe a missão continue por aí, em cada pessoa tocada por ela...
Quem sabe seja isso o que as pessoas nobres fazem, nos tocar tão profundamente que, mesmo quando se vão, a essência de sua nobreza já nos impregnou e nos faz pensar que devemos continuar de onde ela parou.
Talvez essa seja a sua maior missão: contaminar profundamente a alma das pessoas, mesmo e principalmente as que não são tão boas assim, para que elas possam, num ato de reconhecimento, de transformação e de gratidão, celebrarem com outras tantas pessoas a mesma bondade que lhes foi tão sabiamente ofertada, ensinada.