AUSENCIA DE SI

Tem dias que ela acorda assim, já com saudades de ser ela mesma. Sente algo estranho, como se não estivesse no perfeito dominio de si mesma. É ruim, desconfortável, mas algumas vezes, ela fica semanas ausente de si. O pior disso é que é uma pessoa que gosta mesmo de si. E aí, fica com saudade. Saudade da sua alegria, saudade do seu modo otimista de ver a vida. Da sua sede de arte, da sua alma movida a arte. Ela costuma ter fome de arte. A música para ela, precisar estar presente sempre. Saudade dos contatos que fazem parte da sua vida. Amigos reais e amigos virtuais. Amigos sensoriais. Amigos assim... nem tão amigos. Amigos que às vezes nem tem noção de que são deveras tão importantes. Não sabem que enfeitam a sua vida, povoam os seus sonhos, alimentam seus pensamentos e que vivem um intenso convívio telepático que são de extrema necessidade para a vitalidade, o vigor da sua vida anímica. E, tem dias, que... cadê ? Ela se sente órfão de todos os amigos, todos os sentimentos que tudo isso envolve. E como órfã ela se sente pequena, vazia, abandonada. Sente a vida esvaída de si mesma. Um corpo sem alma. Ou noutra alma. Não a sua alma.

Nilamaria
Enviado por Nilamaria em 08/06/2011
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