ANJOS E UM QUE BATEU ASAS
Como fui educada na religião católica, ganhava lindos santinhos com imagens de santos rodeados de anjinhos e, nas igrejas, também havia imagens de alguns santos com anjinhos aos seus pés. Já adulta, visitando museus e igrejas antigas, o que mais via e vejo são belíssimas pinturas e esculturas com anjos de todos os tipos e tamanhos. Todos eles foram inspirados para refletirem a paz e o bem.
Desde pequena aprendi a rezar o “Santo Anjo do Senhor, meu zeloso guardador…” Já ensinei a minha neta e vou ensinar ao neto caçula. Faz-me bem saber que, em alguns momentos de apuro, a gente pode “contar” com uma proteção espiritual. Há uma necessidade de ter um “grande Outro” a quem a gente se dirija. Tenho a sensação, às vezes, que a proteção do Santo Anjo me chega; já aconteceu querer fazer uma ultrapassagem no trânsito e não tinha percebido um carro ao lado, por exemplo. Nessa hora, penso: foi meu Anjo!
Creio que se houver outra vida, alguns humanos ao partirem da terra, transformaram-se em “Anjos do Senhor”. Se é certo ou não, peço a ajuda de um em especial, que, quando se vestiu com roupa humana, teve atos de anjo, na ajuda aos pobres, não falar mal dos outros, ser ponderado, ter lucidez dos fatos, ser decente, justo e honesto. Suponho que está com vestes angelicais.
Quando vejo uma criancinha dormindo me passa a sensação de que estou diante de um anjo, como representação da perfeição, da entrega ao mundo em que a consciência está longe de chegar lá. São momentos que me comovem, ao vê-la em sono profundo, liberta desse corpo físico e fazendo a viagem nos “braços da paz”.
Vou me referir a um jovem adolescente, de seus treze a quatorze anos. Estava assistindo a um desfile, numa arquibancada e, numa fila abaixo, meus olhos se detém nele que, de tão perfeito, pareceu-me que estava vendo um anjo. Os anjos devem ter a beleza que toca, que comove, que sensibiliza. Observei as garotas que desfilavam fazendo acenos para a multidão. Consciente de ser belo, julgava que os acenos se dirigiam para ele e dava adeus, levantava, ria, fazendo de tudo para ser notado. É na adolescência que a opção sexual é definida. O anjo encontrado era homem.Peguei minha máquina para fotografá-lo e, ao perceber, olhou para mim e fez pose. Neste momento senti que o anjo bateu asas. Estava apenas diante de um jovem bonito.