Comemorando

                No próximo dia 8 de dezembro, faço 45 anos de formado.  Meu colega Edmundo Guimarães Lima me telefonou, para avisar que haverá comemoração. Ótimo.
               Lembrou Edmundo, que a hora é de reencontrar.  E,  espirituoso e lúdico, advertiu, que alguns colegas, provavelmente, não estarão por aqui na festa das bodas de ouro, marcada para 2011.
                               
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                A festança será na mansão do Edmundo, no Caminho das Árvores, com a pronta e generosa aquiescência de sua amada Mene.
                O cardápio será variado e farto. Acompanhará um legítimo escocês e uma cervejinha "estupidamente gelada". 
                Os colegas que estiverem sob o julgo de intransigentes regimes, não se preocupem: para eles, haverá guloseimas e bebidas ligth e diet à vontade.
               Estarei lá, com Ivone, minha colega e minha companheira desde a primeira hora.

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               Será um bom momento para recordar as santas traquinagens por nós encenadas nos corredores da Escola, e as maravilhosas aulas ministradas por competentes mestres, na Faculdade velha, no Portão da Piedade, e na Faculdade nova, no Vale do Canela, construída pelo Professor Orlando Gomes, o seu diretor maior.
               Às comemorações do dia 8 de dezembro não estarão presentes os 61 bacharelandos de 1961, formados pela Faculdade de Direto da Universidade Federal da Bahia.
               Já partiram, os seguintes colegas: Afro de Barros Leal, Ademar Rocha Franco, Ailton Esteves, Carmoly Carteado, Ernesto Pitanga Neto, Jayro Nunes Sento-Sé, José Francsico Perelli Maia e Raimundo Floriano de Oliveira.
               Também não estará presente o paraninfo da turma, professor Raul Chaves, falecido em fevereiro de 1983.
                E nem estes professores, que também morreram: Jayme Junqueira Ayres, Nelson Sampaio, Estácio de Lima, Auto José de Castro, José Martins Catharino, José Lima de Oliveira, Orlando Sena de Faria e Sylvio Santos Farias, todos homenageados no convite de formatura.
               Estão vivos, e poderão ajudar a contar um pouco da história da minha turma, os professores José Joaquim Calmon de Passos, Lafayette Pondé  e Luiz Viana Neto, que também integraram o quadro de homenageados.

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               Ainda guardo na memória, e com um prazer imenso, a solenidade de minha formatura. Foi no salão nobre da Reitoria da Universidade Federal da Bahia. Solenidade bem diferente das de hoje...
               Ao invés de apitaços, cornetaços e alaridos irreverentes e infernais, explodiram aplausos emocionados, depois dos discursos, belíssimos, do orador da turma e do paraninfo. 
               Atento ao momento feliz da colação de grau, o Professor  paraninfo, Raul Chaves, na sua última aula, fugiu dos temas agourentos, catastróficos. 
                Em nenhum momento passou pessimismo aos seus afilhados. Talvez por isso, 45 anos depois, todos se recordam da sua Oração, que começa com esta frase: "Neste dia de esperança..."
               E olhe que, em l961, o Brasil já vivia momentos de perigosas turbulências, que terminaram provocando o golpe militar de 1964, quando muito foi exigido dos advogados, no combate firme e corajoso à ditadura.
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               O encontro será, pois, benéfico e interessante.  Reunirá, numa noite alegre e cheia de saudade,  os, agora, experientes profissionais do Direito, discípulos de Thêmis, desde 8 de dezembro de 1961.
               Muitas histórias serão relembradas e outras tantas contadas por juizes e juizas, desembargadores e desembargadoras, procuradores e procuradoras, promotores e promotoras, jornalistas, professores e escritores, saídos da turma de 61.
               Será, também, a hora de ouvir o ADVOGADO que, ao longo de todos esses anos - quase meio século -,  soube honrar este juramento:
                "Ego promitto me, semper principiis honestatis inhaerentem, mei gradus muneribus perfucturum atque operam mea in iure patrocinando, justitia  exsequenda et   bonis moribus praecipiendis, nunquam causae humanitatis defuturam."     
                Em latim? Por que não?
               Juramento que é maculado toda vez que a profissão deixa de ser exercida com dignidade e compromisso com a advocacia sã e verdadeira. 
                Para tanto, é preciso que o bacharel em Direito seja advogado por vocação e não por conveniência... Só para conseguir um empreguinho, por exemplo.

     
   
                            

 
Felipe Jucá
Enviado por Felipe Jucá em 26/11/2006
Reeditado em 29/12/2020
Código do texto: T301854
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