VISÃO DO HOMEM E MEU DESEJO DE MULHER
Gosto demais de Clarice Lispector e, mais ainda, quando soube que, em sua trajetória de vida , passou algum tempo em Maceió. Em uma de suas crônicas ela faz um questionamento sobre o homem e o que ele deseja. O que mais deseja é uma mulher e a mulher também deseja um homem. É a ordem natural da vida. Não há mistério. Por mais que amigas supram alguma necessidade de se ter companhia, a companhia masculina é de outra forma. Diz Clarice que o homem pode ser chato, pode ser autoritário, pode dar trabalho e segue ela com uma lista infindável. “O homem é o nosso desafio? É. O homem é o nosso inimigo? É.O homem é o nosso igual e ao mesmo tempo inteiramente diferente? É.” Prossegue: “Nós brigamos com o homem? Brigamos. Nós não podemos passar sem o homem com quem brigamos? Não”. E etc. Vai fazendo outras perguntas.
Fiquei “matutando“ sobre as palavras da escritora. Passei a achar normal desejar ter um homem. Já tive o meu e fui feliz. Mas por que não ter desejo? Teria que me sentir pronta, mas será que alguém está pronta nesta vida tão mutante? Os anos lapidaram meu viver e sinto que já não há espaço para ilusão sobre arranjar um companheiro perfeito. Mas quem é perfeito? Clarice fala na chatice do homem, no fato de ser menino, de querer ser pai em algumas horas. Tantas coisas que caracterizam cada homem!
Vou pensar em esperar alguém. Terá que preencher alguns requisitos:ter vivido amores, desilusões, perdas, alegrias nos encontros. Vai ter que chegar com seus hábitos, seus valores, suas crenças, muita coisa já sedimentada, mas aberto para o desafio do novo.
O que vou querer? Que me beije com seus olhos, que me cheire com sua boca, que me fale com o coração e me abrace com seus lábios. Quero mais, já que sou ser desejante: quero abraços apertados e que me enlace sem me sufocar. Que posso oferecer? As estrelas do meu pensar e as ondas dos meus carinhos. Tentarei ser constante no meu bom humor, porque o riso é porta para a alegria e a saúde e os orvalhos dos carinhos terão as cores das folhas que brotam para substituir as que partiram.
Vou resgatar a menina que sentia prazer em pular corda, exercitando a agilidade de fortalecer as pernas para descobrir os caminhos sinuosos da vida. Vou resgatar a sensação de prazer ao me banhar na chuva, deixando as águas escorrerem por minha alma, lavando-a, chorando as perdas e tocando a vida com o muito que ela não cessa de oferecer. Farei uma promessa: não brincarei de esconde-esconde, porque o tempo tem pressa e o que resta será para total afeto e o amor que insisto, pois possibilita mover a energia que faz da vida um desafio constante e uma graça no viver.