DENTIFRÍCIO?
Súbitamente brotou-me à mente: dentifrício!
Verdade! Existe a palavra até nos dicionários; ainda está lá:
Dentifrício – adj. e s.m. Que, ou que serve para limpar os dentes.
Inacreditável, há quantos anos não ouço e não vejo escrita a palavra “dentifrício”. Hoje, por sinal, é nome até engraçado.
Tempos idos, Kolynos, em sua embalagem amarelinha, representava o pedido para creme dental, --- a exemplo de Gillete em relação às lâminas de barbear, --- conotação da troca do produto pela marca; entretanto, dentifrício também era solicitação e voz corrente para os cremes de escovação dental.
Mas pensar que a utilidade do dentifrício se pautava apenas no uso estrito do dicionário é crasso engano: o frescor das pastas naturalmente induzia as pessoas a usarem-nas como paliativo em espinhas e pequenos ferimentos.
Menino, lá pelos meus dez anos, --- vivendo onde e como vivi, --- a liberdade, a pobreza, nos cobrava os pés descalços. Daí que veio tudo acontecer muito rápido: o tropeção... o susto... e a unha pendurada precariamente ao courinho da ponta do maior dedo do pé! No momento, a carne viva, esbranquiçada na extremidade, minava olhinhos de sangue junto à unha arreganhada; aquilo, tanto ardia quanto queimava.
Em meio ao sofrimento da dor caminhei alguns passos o bastante a provocar a sangria desatada. Agachado, segurando na perna pelo meio, aguardava esperançoso de, à volta, pudesse dispor de algo útil a um torniquete no local; infelizmente nada apareceu à minha pretensão e segui caminho afora esgotando.
Andei pouco. Os olhos atentos em busca do cordão ou retalho de pano vieram divisar um outro, totalmente inesperado: semi enterrado, sobressaindo a cor amarelada, um objeto jazia ao lado. Lembrei do Kolynos, do dentifrício para aplicar na ferida! Estava ali, à mão, a primeira providência! Tão logo me lancei puxando a pretensa pasta dental a coisa espichou com o meu esperançoso gesto e percebi desanimado tratar-se de um trancelim! (Êpa! Trancelim? Outra em desuso... cadê o dicionário?)
Doloroso e frustrado prossegui.
Sinceramente, com tantas asneiras que já vi e fiz na vida, estava ali, frustrado, com um valioso trancelim de ouro nas mãos, desejando ter um reles tubo de dentifrício no lugar.
A ocasião empurrava-me a julgar e, se possível, cometer mais uma.
Súbitamente brotou-me à mente: dentifrício!
Verdade! Existe a palavra até nos dicionários; ainda está lá:
Dentifrício – adj. e s.m. Que, ou que serve para limpar os dentes.
Inacreditável, há quantos anos não ouço e não vejo escrita a palavra “dentifrício”. Hoje, por sinal, é nome até engraçado.
Tempos idos, Kolynos, em sua embalagem amarelinha, representava o pedido para creme dental, --- a exemplo de Gillete em relação às lâminas de barbear, --- conotação da troca do produto pela marca; entretanto, dentifrício também era solicitação e voz corrente para os cremes de escovação dental.
Mas pensar que a utilidade do dentifrício se pautava apenas no uso estrito do dicionário é crasso engano: o frescor das pastas naturalmente induzia as pessoas a usarem-nas como paliativo em espinhas e pequenos ferimentos.
Menino, lá pelos meus dez anos, --- vivendo onde e como vivi, --- a liberdade, a pobreza, nos cobrava os pés descalços. Daí que veio tudo acontecer muito rápido: o tropeção... o susto... e a unha pendurada precariamente ao courinho da ponta do maior dedo do pé! No momento, a carne viva, esbranquiçada na extremidade, minava olhinhos de sangue junto à unha arreganhada; aquilo, tanto ardia quanto queimava.
Em meio ao sofrimento da dor caminhei alguns passos o bastante a provocar a sangria desatada. Agachado, segurando na perna pelo meio, aguardava esperançoso de, à volta, pudesse dispor de algo útil a um torniquete no local; infelizmente nada apareceu à minha pretensão e segui caminho afora esgotando.
Andei pouco. Os olhos atentos em busca do cordão ou retalho de pano vieram divisar um outro, totalmente inesperado: semi enterrado, sobressaindo a cor amarelada, um objeto jazia ao lado. Lembrei do Kolynos, do dentifrício para aplicar na ferida! Estava ali, à mão, a primeira providência! Tão logo me lancei puxando a pretensa pasta dental a coisa espichou com o meu esperançoso gesto e percebi desanimado tratar-se de um trancelim! (Êpa! Trancelim? Outra em desuso... cadê o dicionário?)
Doloroso e frustrado prossegui.
Sinceramente, com tantas asneiras que já vi e fiz na vida, estava ali, frustrado, com um valioso trancelim de ouro nas mãos, desejando ter um reles tubo de dentifrício no lugar.
A ocasião empurrava-me a julgar e, se possível, cometer mais uma.