O PARAÍSO DAS CORRUPÇÕES E MARACUTAIAS
Esta semana eu estava refletindo sobre as coisas que, dizem, só acontecem no Brasil. Verdade. Tem coisas que só brasileiro sabe fazer ou, no mínimo, dá o seu “jeitinho”. Aliás, falar em Brasil é falar, também, em paraíso e, infelizmente, em corrupção. Salvo pouquíssimos casos, tudo nesse país é conduzido pelo “toma lá dá cá”.
Assistir ao Jornal Nacional é sinônimo de presenciar a podridão avassaladora nas Instituições Públicas do Estado Brasileiro. Onde a Polícia Federal investiga, a fossa arrebenta. E como o país é de dimensão continental, os desmandos públicos são nas mesmas proporções. Falar em desvios do Erário Público é falar em centenas de milhões. Aquele que desvia pouco é porque ainda não conseguiu galgar a hierarquia dos desvios e ainda se encontra apenas na esfera de alguma agência do sistema previdenciário.
Se a investigação é em determinados departamentos de trânsito, logo o “rombo” vem à tona. Se for sobre licença para se retirar madeira da Amazônia, o “rombo” é maior ainda. Enfim, se é obra de infraestrutura como: hospitais, escolas, pontes, açudes, barragens, portos, aeroportos, etc., que geram o desenvolvimento, a “turma” dos dentes afiados já está pronta – com sacolas, malas, maletas e até aviões – para “abocanhar” o seu quinhão nas negociatas.
O negócio é tão bom que, para “se entrar para o Congresso Nacional” – seja Deputado ou Senador –, segundo o blog www.pbagora.com.br/coluna, o candidato está gastando, na campanha (pelo menos foi o que se gastou na Paraíba no último pleito), entre cinco e vinte milhões de reais para se eleger. Ora, mesmo passando oito anos lá dentro (no caso dos senadores) é impossível reaver a quantia gasta no pleito eleitoral. Então, qual a vantagem?
Outro dia, no meu Estado, o “chefe do asfaltamento e duplicação da via rodoviária, entre Natal e a cidade de São José de Mipibu, foi preso. Acusação: desvio de verba federal e recebimento de propina em cifras acima de seis milhões. Agora, cá com os meus botões: a Copa do Mundo vem aí. Segundo os “entendidos”, essa demora na construção dos estádios de futebol nas sedes tem uma explicação: é que a turma dos “sanguessugas” do dinheiro público está esperando caírem por terra os prazos dados pelo Comitê Organizador. Aí, já viu, né? Tudo sem licitação, superfaturamento, ou seja, propina comendo solta!
Aliás, depois que inventaram a moda das cuecas, político* se apresenta sempre de Calvin Klein, justamente com medo de um flagrante da polícia e, logicamente, se tiver que mostrar a sua cueca, pelo menos que seja de “marca”. Mas, como tudo é copiado e nada inventado, a "turma das meias e das bolsas" também aproveitou o momento de flashes para exibir – através de registro por câmera – o seu potencial de “esconde-esconde”.
No entanto, como tudo é passível de modernização, o desvio agora é outro, apesar de que, fica mais fácil ser detectado: é que alguns senhores legisladores estão desviando, com diárias, cursos fantasmas, ajudas de custo, pagamento de assessores e de horas extras, importâncias absurdamente incompatíveis com a realidade do dia a dia de cada caso. É tanto descaso com a prestação de contas que eles nem têm o cuidado de diluí-las em coisas mais consistentes. Há Estados em que, nas suas Assembleias, noventa e nove por cento dos seus legisladores estão sendo investigados.
Não sei se é o caso, mas isso serve de ideia mais aproximada do porquê de o brasileiro passar cinco meses do ano só para pagar impostos. Bem, isso para quem é trabalhador com carteira assinada, diga-se de passagem, pois Ministro ou Chefe de Casa Civil, por exemplo, ao invés de pagar, recebe. Ah! E aumenta o seu patrimônio em 20 vezes em apenas 4 anos. Agora, o fato é que a classe dos partidos políticos no país é muito unida. Basta ver os debates nas Tribunas – seja ela a do Governo Federal, sejam elas as das Assembleias Estaduais – onde a troca de acusações é, no mínimo, um tiroteio às cegas: é bala para todos os lados. Ou seja, aquele que acusa, de repente, é atingido pela própria bala disparada. A oposição denunciou (e deve denunciar mesmo!) o enriquecimento rapidíssimo do atual Chefe da Casa Civil. No outro dia, o mesmo jornal, que denunciou, mostrou que a filha do derrotado candidato a Presidente, nas últimas eleições, aumentou o patrimônio de sua empresa em 50 mil vezes, em muito menos anos que o acusado do dia anterior.
Tudo isso só merece o nosso repúdio. Agora, caro leitor, desculpe-me a palavra, mas, me dá nojo, assistir, nos meios de comunicação, reportagens sobre o desvio da merenda escolar! Meu Deus, como pode um ser dotado de sentimentos tirar um prato de cuscuz da boca de quem, muitas vezes, só se alimenta quando vai a uma instituição escolar? Como pode não se ter consciência e desviar medicamentos essenciais à população de baixa renda, por exemplo?
É... Enquanto isso, a informalidade toma conta das cidades. E o poder "dessa turma" é algo espantoso. Por isso, as nossas ruas estão tomadas por vários “donos”: as calçadas apinhadas de barracas que tornam difícil até transitar sobre elas (ali se vende de tudo: desde os CDs e DVDs piratas até o som mais potente); o meio-fio, em cada pedaço, tem um flanelinha que já está cobrando até por espaço de tempo parado na “vaga” – pública, diga-se a bem da verdade. Enfim, enquanto isso, as nossas fronteiras estão abertas para a livre comercialização de drogas e armas: tanto faz levar o carro roubado, daqui, para ser trocado por drogas e armas, de lá, como trazer, de lá, cigarros, celulares, baterias, computadores, etc., para serem vendidos nas nossas calçadas, por aqui. Passam do mesmo jeito.
Dá pena ver as autoridades sérias, de braços amarrados, justamente, devido às más autoridades que controlam, negociam e, até vendem, o que eles deveriam preservar ou proteger, principalmente, tudo aquilo que é de direito do cidadão comum e que faz parte do seu cotidiano. Não sei não, mas eu acho que esse paraíso está com os dias contados...
*Para toda regra há exceção. No Brasil ainda existem políticos e administradores públicos sérios, comprometidos com o bem-estar dos cidadãos.
Esta semana eu estava refletindo sobre as coisas que, dizem, só acontecem no Brasil. Verdade. Tem coisas que só brasileiro sabe fazer ou, no mínimo, dá o seu “jeitinho”. Aliás, falar em Brasil é falar, também, em paraíso e, infelizmente, em corrupção. Salvo pouquíssimos casos, tudo nesse país é conduzido pelo “toma lá dá cá”.
Assistir ao Jornal Nacional é sinônimo de presenciar a podridão avassaladora nas Instituições Públicas do Estado Brasileiro. Onde a Polícia Federal investiga, a fossa arrebenta. E como o país é de dimensão continental, os desmandos públicos são nas mesmas proporções. Falar em desvios do Erário Público é falar em centenas de milhões. Aquele que desvia pouco é porque ainda não conseguiu galgar a hierarquia dos desvios e ainda se encontra apenas na esfera de alguma agência do sistema previdenciário.
Se a investigação é em determinados departamentos de trânsito, logo o “rombo” vem à tona. Se for sobre licença para se retirar madeira da Amazônia, o “rombo” é maior ainda. Enfim, se é obra de infraestrutura como: hospitais, escolas, pontes, açudes, barragens, portos, aeroportos, etc., que geram o desenvolvimento, a “turma” dos dentes afiados já está pronta – com sacolas, malas, maletas e até aviões – para “abocanhar” o seu quinhão nas negociatas.
O negócio é tão bom que, para “se entrar para o Congresso Nacional” – seja Deputado ou Senador –, segundo o blog www.pbagora.com.br/coluna, o candidato está gastando, na campanha (pelo menos foi o que se gastou na Paraíba no último pleito), entre cinco e vinte milhões de reais para se eleger. Ora, mesmo passando oito anos lá dentro (no caso dos senadores) é impossível reaver a quantia gasta no pleito eleitoral. Então, qual a vantagem?
Outro dia, no meu Estado, o “chefe do asfaltamento e duplicação da via rodoviária, entre Natal e a cidade de São José de Mipibu, foi preso. Acusação: desvio de verba federal e recebimento de propina em cifras acima de seis milhões. Agora, cá com os meus botões: a Copa do Mundo vem aí. Segundo os “entendidos”, essa demora na construção dos estádios de futebol nas sedes tem uma explicação: é que a turma dos “sanguessugas” do dinheiro público está esperando caírem por terra os prazos dados pelo Comitê Organizador. Aí, já viu, né? Tudo sem licitação, superfaturamento, ou seja, propina comendo solta!
Aliás, depois que inventaram a moda das cuecas, político* se apresenta sempre de Calvin Klein, justamente com medo de um flagrante da polícia e, logicamente, se tiver que mostrar a sua cueca, pelo menos que seja de “marca”. Mas, como tudo é copiado e nada inventado, a "turma das meias e das bolsas" também aproveitou o momento de flashes para exibir – através de registro por câmera – o seu potencial de “esconde-esconde”.
No entanto, como tudo é passível de modernização, o desvio agora é outro, apesar de que, fica mais fácil ser detectado: é que alguns senhores legisladores estão desviando, com diárias, cursos fantasmas, ajudas de custo, pagamento de assessores e de horas extras, importâncias absurdamente incompatíveis com a realidade do dia a dia de cada caso. É tanto descaso com a prestação de contas que eles nem têm o cuidado de diluí-las em coisas mais consistentes. Há Estados em que, nas suas Assembleias, noventa e nove por cento dos seus legisladores estão sendo investigados.
Não sei se é o caso, mas isso serve de ideia mais aproximada do porquê de o brasileiro passar cinco meses do ano só para pagar impostos. Bem, isso para quem é trabalhador com carteira assinada, diga-se de passagem, pois Ministro ou Chefe de Casa Civil, por exemplo, ao invés de pagar, recebe. Ah! E aumenta o seu patrimônio em 20 vezes em apenas 4 anos. Agora, o fato é que a classe dos partidos políticos no país é muito unida. Basta ver os debates nas Tribunas – seja ela a do Governo Federal, sejam elas as das Assembleias Estaduais – onde a troca de acusações é, no mínimo, um tiroteio às cegas: é bala para todos os lados. Ou seja, aquele que acusa, de repente, é atingido pela própria bala disparada. A oposição denunciou (e deve denunciar mesmo!) o enriquecimento rapidíssimo do atual Chefe da Casa Civil. No outro dia, o mesmo jornal, que denunciou, mostrou que a filha do derrotado candidato a Presidente, nas últimas eleições, aumentou o patrimônio de sua empresa em 50 mil vezes, em muito menos anos que o acusado do dia anterior.
Tudo isso só merece o nosso repúdio. Agora, caro leitor, desculpe-me a palavra, mas, me dá nojo, assistir, nos meios de comunicação, reportagens sobre o desvio da merenda escolar! Meu Deus, como pode um ser dotado de sentimentos tirar um prato de cuscuz da boca de quem, muitas vezes, só se alimenta quando vai a uma instituição escolar? Como pode não se ter consciência e desviar medicamentos essenciais à população de baixa renda, por exemplo?
É... Enquanto isso, a informalidade toma conta das cidades. E o poder "dessa turma" é algo espantoso. Por isso, as nossas ruas estão tomadas por vários “donos”: as calçadas apinhadas de barracas que tornam difícil até transitar sobre elas (ali se vende de tudo: desde os CDs e DVDs piratas até o som mais potente); o meio-fio, em cada pedaço, tem um flanelinha que já está cobrando até por espaço de tempo parado na “vaga” – pública, diga-se a bem da verdade. Enfim, enquanto isso, as nossas fronteiras estão abertas para a livre comercialização de drogas e armas: tanto faz levar o carro roubado, daqui, para ser trocado por drogas e armas, de lá, como trazer, de lá, cigarros, celulares, baterias, computadores, etc., para serem vendidos nas nossas calçadas, por aqui. Passam do mesmo jeito.
Dá pena ver as autoridades sérias, de braços amarrados, justamente, devido às más autoridades que controlam, negociam e, até vendem, o que eles deveriam preservar ou proteger, principalmente, tudo aquilo que é de direito do cidadão comum e que faz parte do seu cotidiano. Não sei não, mas eu acho que esse paraíso está com os dias contados...
*Para toda regra há exceção. No Brasil ainda existem políticos e administradores públicos sérios, comprometidos com o bem-estar dos cidadãos.
Obs. Imagem da internet