Aquele alguém
Qual é o tamanho do universo “daquela” pessoa? Esta pergunta, sufocada pela atração, paixão a primeira e vista e libido e aguçada pela aparência do “alvo”, fica esquecida. E que universo seria esse, capaz de desafiar desejos ardentes, ímpetos tão viscerais, compulsões tão arrebatadoras? È, provavelmente, o mar de detalhes sobre quem se quer. Seus valores, gostos, linguajar, temperamento, padrão de vida, etc. que a rotina de uma convivência mais longa acabaria inevitavelmente por mostrar. Esse tamanho do universo é até mais uma medida de qualidade do que propriamente de quantidade. E por mais que se queira aventurar, se deseje dar um mergulho nas eventuais “excentricidades” da pessoa candidata a parceira, essa curtição, quando não acaba por machucar, poderá deixar uma sensação de supervalorização seguida de frustração; um investimento sem retorno; uma decepção, enfim. Com exceção das iniciativas “fast food”, onde o interesse já trás o carimbo de curtíssimo prazo, aviso prévio de não envolvimento com direito a desestímulo a qualquer menção de segundo encontro, o início de uma relação precisa ser uma troca, e para que isso aconteça é importantíssimo avaliar-se a “bagagem cultural” da pessoa que o cupido cismou de recrutar. Uma relação mais duradoura não deve ser tratada com a leviandade que a ansiedade do desejo propicia. Sabemos que, contrapondo essas premissas, os relacionamentos bem sucedidos originados no que se costuma chamar de amor à primeira vista comprovam a existência das exceções também nesse terreno, afinal, o amor quase sempre envolve risco e há um grande contingente que tem pagado pra ver (ou sentir).