BOTA FORA DO TOMÁS

Ontem à noite, dia 03/6/11, o Tomás deixou o nosso apartamento em companhia dos seus pais, Daniel e Karina, mudando-se para o seu novo endereço em Belô, próximo daqui somente a um quarteirão e meio, após as reformas que fizeram depois da aquisição, cujos trabalhos duraram quase seis meses. Nesse tempo, a Dona Mari e eu dividimos nossa tranqüila rotina de avós aposentados com o pequeno grupo familiar do caçula Daniel, privando da companhia dele, mulher e o filhote Tomás, nosso neto mais novo.

A peleja começava às seis horas da manhã, quando o jovem casal levantava e acordava o Tomás, o qual relutava em se aprontar para a escola, reclamando do frio e choramingando. Por tabela, acordávamos também e nosso dia, assim, começava mais cedo do que o de costume.

Ao meio dia o esperto lourinho chegava do colégio, quando o transporte escolar o deixava defronte ao prédio e eu já me encontrava a postos para recebê-lo. O Tomás descia cansado, mas sorridente e feliz, mexendo com alguns coleguinhas antes de descer da “Van”. Subíamos ao apartamento, sua avó já preparava seu banho e a troca de roupas e ele, todo bonitão, se jogava na sua cama, ligando a “TV” no insubstituível Canal do CARTOON NET WORK, à procura dos seus desenhos favoritos enquanto aguardava o seu almoço.

Após a refeição, o resto da tarde o Tomás nos tinha sempre por perto, com a Vovó Mari trazendo-lhe um suco, uma fruta (eita menino comilão, sô! ...), uma barrinha de cereais e eu compartilhando com ele nos joguinhos, nos desenhos, nos exercícios escolares e nas brincadeiras que ele inventava, inclusive de lutas (levei muita bordoada nesse semestre, algumas pra valer). Lá pelas dezoito horas, íamos à padaria em busca dos pãezinhos quentes para o café vespertino, quando o Tomás zoava com alguns conhecidos seus do pedaço, entre eles o Claudio (lavador de carros), Carlão (o segurança das lojas da esquina), Pedrinho do salão (seu barbeiro oficial) e o “Seu” Nelson, da banca de jornal próxima à panificadora. Na volta, Tomás fazia questão de conferir seu peso na balança da farmácia (queria, a todo custo, chegar aos 20 kg e faltavam apenas 700 gramas para tanto) e chegava a dar pulinhos pra ver se o ponteiro atingia a marca almejada.

Em casa de novo, ele se deleitava a mesa com o saboroso café da Vovó Mari, mas continuava na sua alegria e no seu falatório, deixando-nos ligados a todo tempo.

Lá pelas vinte e duas horas chegavam os seus pais da labuta e, às vezes, o Tomás já estava no segundo sono, completamente entregue aos braços de Morfeu, não ensejando aos progenitores a chance de vê-lo acordado. Notávamos a tristeza espelhada nos rostos do jovem casal, após um dia inteirinho longe do filhote mas ... Fazer o quê? É a luta pela vida e todos temos as nossos obrigações a cumprir.

No dia seguinte, cedinho, começava tudo de novo e a coisa se repetia até os finais de semana, quando então nos reuníamos todos para passear com o pequenino e almoçar fora. E assim os dias foram correndo até que hoje o Daniel, a Karina e o Tomás nos deixaram, partindo para sua nova morada, ficando a gente com um vazio enorme no apartamento e uma grande saudade dentro do peito.

Resta-nos o consolo de que estão pertinho e o Tomás tem os nossos telefones, pois antes de deixar-nos fez questão de anotar em vários papeizinhos os números dos aparelhos, fixo e celulares, para mantermos contato, distribuindo-os pelos bolsos da blusa e da calça jeans. E isso ele faz como ninguém pois víamos como ele ligava para seu pai e sua mãe, no decorrer da tarde, sempre indagando sobre a hora em que chegariam a nossa casa, se não demorariam muito, pedindo para trazer isso ou aquilo, enfim sempre fazendo questão de marcar sua presença. Esse é o Tomás, nosso netinho!

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B.Hte., 04/6/11

RobertoRego
Enviado por RobertoRego em 04/06/2011
Reeditado em 05/02/2013
Código do texto: T3014470
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