PITTY QUEBRA CLIMA A IRMÃ BAIANA DA TATY QUEBRA BARRACO
“Primeiro a Sabinada durante a regência, depois os escravos negros islâmicos Malês. Os ventos do Iluminismo europeu, acenderam a brasa da Conjuração Baiana – Fogo, fogo, fogo com os Novos Baianos, balangandãs e guitarras com os Doces Bárbaros. Hoje, Carlinhos Brown, “O Caçador de Som Tribal”. Mas, ainda resta lugar para a personalidade, para o estranho, pro bizarro, bizarro. AUMENTE o som DJ, aumente o pitch. Chame a PITTY”.
O texto acima seria a apresentação, a chamada da cantora baiana PITTY e sua banda, na 8º edição do PROJETO NA MOSCA! , no último dia 05 de Outubro na Chopperia LO-BÃO.
Os textos, são tradicionais neste evento, que reúne musica e poesia, atitude e oportunidade e que tenho a honra de apresentar.
A cantora PITTY, não fez uma boa cara quando por respeito, procurei-a no camarim e apresentei-lhe o texto. Somou a essa expressão de desacordo uma crítica ao texto e a menção de Carlinhos Brown, dizendo que “seu som”, tinha mais a ver com Marcelo Nova e Raul Seixas (nesta ordem) – Na verdade ela não entendeu a intenção do texto que interagia o ser político-revolucionário histórico do povo baiano, com o estar de uma revolução sócio-cultural baiana que é muito forte, tanto em nível local, quanto regional e nacional. Pena!
A mancada acima, foi a primeira das gafes daquela que foi recebida com um público recorde deste projeto (A casa estava literalmente lotada). Uma grande quantidade de artistas locais, representando os mais diversos segmentos da música local bem como outras representativas expressões artísticas estavam ali presentes – além do público maravilhoso, vibrante, alegre e adolescente. Estes foram ofendidos e tratados com desrespeito com o comportamento mal educado da cantora: que os chamou de animais, acrescentando que não mais voltaria a São João de Meriti.
Dona das revoluções já citadas a Bahia, de Dorival Caymmi, Jorge Amado, A C.Magalhães, Caetano e Gil, tanto é fechada em guetos políticos quanto em artístico-culturais, embora seja também pop na expressão de Ivete Sangalo, Daniela Mercury, Netinho e nos Trios Elétricos . A música baiana representa um mosaico variado de interpretações político-sociais de sua própria realidade. Uma leitura própria, pessoal do Brasil e do mundo. Esta cena não é diferente em outros Estados brasileiros a exemplo do Movimento Mangue Beat, no Recife e do Funk carioca – Linguagens diferentes de um mundo particular, um Universo Paralelo (lembrando Lobão) – com ritmos, linguagem, gingado, moda e forças próprios.
PITTY, da forma como xingou o público e tratou a Produção do evento lembrou-me muito a TATTY QUEBRA BARRACO (representante do Funk carioca), que tem essa atitude, mas o faz de caô, como marketing pessoal, uma marca registrada. O que não é o estilo da PITTY, e que pelo menos neste evento, deixou de ser estranha e bizarra, como a letra de sua música da mídia - para ser igual, sem estilo e mal educada.
Esta analogia, remete ao texto de apresentação e propõe uma retórica, uma ação de pensamento que recomeça onde acaba, pois, como trata o texto à Bahia, tem tradições de imposição de idéias e ideais, e com Carlinhos Brown tanto com Raulzito, esta revolução de idéias é bem explicitada (Raul morreu mas sua atitude e obra não) – underground, surreal, rítmica, patrulha, quem sabe em alguns contextos “politicamente correta”, intelectual, divertida, sonora, fonética, pop, cabeluda, morena, tropical, mundo....e blá, blá, blá...
TATY QUEBRA BARRACO, representa o mundo real da violência urbana carioca, o submundo do crime, o dialeto do excluídos analfabetos, a dança do revoltado sensual, a estupidez do abandonado pelo poder público, do discriminado, do faminto de cultura, comida, emprego, educação, respeito e PAZ.
Eu dou nota 10 para a TATY QUEBRA BARRACO, que original, não sabe o que faz , “mas está na moda”, e 0 para PITTY QUEBRA CLIMA, por não ter feito direito o que sabe fazer (?).
E aí ó!!! Já vai tarde. E que não volte mesmo.
Sylvio Neto