CHARTERS PARA VOOS CELESTIAIS
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Não, não é o que vocês estão pensando. Creio que ainda não inventaram essa modalidade para a nossa viagem derradeira... aquela para o céu...
Outro dia li um pequeno texto com o título ‘Charters Celestes’ (datado de 2007) em forma de notícia de jornal no livro de francês com o qual trabalho em classe. Dizia que o Vaticano propunha aos peregrinos vôos Roma-Lourdes a preços reduzidos em aviões pintados com as cores da Santa Sé, branco e amarelo. No interior, poltronas decoradas com inscrições religiosas. Dizia ainda que todo ano mais de 150 milhões de pessoas fazem turismo religioso no mundo e oito milhões vão a Lourdes. E que em 2008 outros vôos diretos iriam até Santiago de Compostela, Fátima e Jerusalém.
Eu nunca tinha ouvido falar nisso, pensei que se tratasse de brincadeira. Mas não é. Ao pesquisar não descobri muita coisa, me deparei apenas com duas reportagens (verdadeiras), postadas em setembro de 2007 na França, sobre o vôo inaugural que foi de fato realizado. Contam que no momento da volta houve grande confusão no aeroporto de Lourdes: revolta dos peregrinos impedidos de embarcar com suas garrafinhas de água benta!
Os policiais alfandegários explicavam que as normas internacionais de segurança anti-terroristas deviam ser respeitadas. Conhaque ou água benta, tanto fazia, a lei era a mesma, líquidos não podiam entrar na cabine. Podiam ir na bagagem, mas registradas. Ou então, que bebessem tudo antes de entrar no avião!
Conta também a reportagem que é inacreditável a capacidade de Lourdes em multiplicar o precioso líquido sagrado... Cada peregrino sai de lá em média com duas garrafas (cinco litros) compradas nas barracas em volta da gruta. Que na época de maior movimento aterrisam uns quinze aviões por dia, o que traz cerca de quinhentos mil visitantes por ano... e isto significa milhares e milhares de garrafas que ao passarem no raio X rolavam pela esteira. O aeroporto de Lourdes, então, criou uma esteira especial, que se tornou referência. É a única da Europa com compartimentos para garrafas.
Dizia ainda que esses vôos fretados pelo Vaticano já contavam com um apelido: a linha do Papa.
(*) não consegui descobrir se esses voos continuam em operação.