Saudade:primeira dama do adeus...
A tarde já ia em direção a noite que se anunciava fria e úmida,meio por culpa da frente fria, meio por causa da solidão insistente que se instalara e não parecia ter pressa em partir.
Parou e reparou em pensamentos que a saudade é muito mais do que o dicionário ensina " lembrança triste e suave". Na verdade a saudade parece ter vida própria na maior parte das vezes.
Passava em meio a uma praça e pensou em uma maneira de definir o tal sentimento...
...achou melhor seguir em frente, não conseguiria desvendar os sete véus dessa deusa de éter, desvanecida que nos ronda/sonda e nos consola na angústia de amar o amor.
E seguiu em frente por linhas tortas, como torto estava seu pensamento buscando insatisfeita a receita certa para falar de saudade com toda a essência e aí sim, definiu tal amargo remédio:...
... a essência do ser, mistura de lágrimas e risos, de versos indrisos de sons e cores. A mistura perfeita que compôe a alma
regida pelo passado/presente/futuro,traduzindo em notas alegres dores
da alma que a orquestra da vida vai transformar em melodioso canto de amor.
Mas seria apenas isso a tal saudade?
Refletiu mais um pouco ao se encaminhar lentamente a catedral onde pontualmente ia se deixar ficar acolhida em alguns finais de dia e pode perceber um pouco mais.
Descortinou se a névoa da alma e teve certeza de que a saudade é amiga fiel, inseparável da solidão, que representa no palco da vida,nem sempre em festa o grandioso papel de ser a primeira dama do adeus.
Tomou papel e caneta, era ainda das antigas e rabiscou uma espécie de auto retrato, onde explicava talvez mais a si mesma do que ao mundo...
... enquanto escrevo me (des)faço,(re)faço disfarçando lágrimas em letras e saudades em poemas.
Saudades são cenas do amor que ficou na poeira do passado.
P.S Nessa crônica, uso comentários que deixei junto aos lindos textos do maravilhoso poeta e amigo Mário Roberto Guimarães. CANTO DE AMOR E SAUDADE E SOLIDÃO.
MÁRCIA BARCELOS.
31/05/2011.