O risco que corremos
Uma vez uma menina me disse que sentia como se todos nós estivéssemos à beira de um precipício. Houve uma época em que alguns passavam por ela e se jogavam,enquanto ela apenas observava, outros davam até um tchau e sorriam, tinha até aqueles que pediam para que ela os acompanhasse. Mas ela continuava ali. Fazendo o que? Fazendo cálculos, vendo todas as possibilidades, todas as conseqüências do salto.
O coração por vezes queria pular, mas a razão a deixava firme no solo. Pensava, pensava e repensava...”Será que vai valer a pena?”, “E se não der certo?”. Ai passava alguém e dizia: “Arrisque!”. Então ela tomava bastante fôlego, mas na hora “h” dava para trás. Pedia para que colocassem cordas nela, para que se algo não desse certo ela pudesse voltar para o mesmo ponto. Mas os corajosos avisavam que uma vez saltado, não haveria volta.
Certo dia a menina sentou, chorou, gritou, brigou com seus medos e pediu para eles irem embora. Foi quando de repente um sábio rapaz sentou ao seu lado e lhe ofereceu a mão direita sem dizer nada. Ela, um tanto atordoada, falou sobre seus medos, disse que algo poderia dar errado e agradeceu ao rapaz, mas recusou sua mão. Ele então se colocou em sua frente, lhe ofereceu as duas mãos e disse: “Esse é um risco que você corre. Ficar aqui no alto sozinha com seus medos já é um dos maiores erros da sua vida”.
Ela então fez seus cálculos, viu todas as possibilidades, todas as conseqüências do salto, recusou novamente a ajuda do rapaz e finalmente pulou. Quando chegou lá embaixo que encontrou com o rapaz que também havia pulado, o abraçou e agradeceu. Ele, muito gentil, disse que não tinha o que agradecer, já que ela havia recusado a suas mãos. Ela respondeu que ele havia feito mais do que oferecer as mãos, tinha aberto seus olhos para o que havia naquele precipício, um vida inteira, cheia de altos e baixos que valiam a pena. E a partir deste dia, ela vive pulando precipícios, se machucando em alguns, mas sobrevivendo à todos, porque arriscar vale a pena.