A CPI DO MINDINHO!

A CPI DO MINDINHO

Relator:

Muito bem excelência, pode começar com suas perguntas!

Senador 1:

Não que eu não confie em V.Sa., mas para conhecimento de todos aqui presentes, pois que muitos não lhe conhecem na intimidade de sua vida pregressa, o Senhor chegou em São Paulo quando, vindo de onde, e para que? Qual as suas verdadeiras intenções quando para lá se dirigiu?

V.Sa.:

A bem de mor dizer a verdade, pois qui num sô homê di minti e muito menos de isconde aquilo qui façu, cheguei em Sum Paulo vindo de uma cidadezinha perdida lá no interiorzão do Pernambuco, lá pelos idos da década de 60 e vim como muitos dos meu conterrâneo, vim faze a vida pra cá pois qui pra Brasília só se falava mas muito pouco se fazia entonces. Fui pra mor de ganhá a vida e pode vorta pra terrinha quando tivesse com os bolso cheio de dinheiro ou entonces de ouro pois que só se falava qui no sur maravilha as ruas era de ouro.

Senador 2:

Quando V.Sa. por lá foi aportando, onde que V.Sa. arranjou trabalho e por intermédio de quem que foi iniciada sua vida profissional?

V.Sa.:

Gostaria de fazê uma corrigenda nas palavra do Senhor, mas eu num fui aportando purque eu cheguei lá de caminhão, aqueles pau de arara da época e o Sr vai mi disculpar, mais quem se é iniciado na vida profissional são as moça de vida fácil, e eu vim pra dá duro.

Senador 2:

Gostaria então de lhe refazer a pergunta, pois que, reconheço a dificuldade de comunicação que V.Sa. deve estar enfrentando, haja vista o nervosismo que a própria sessão desta augusta CPI lhe impõe! Muito bem, isso posto, refaço a pergunta: Primeiro: V.Sa. trabalhava com o que quando se dirigiu a São Paulo? Segundo: quem arranjou o emprego para V.Sa. e como foi o inicio da vida profissional de V.Sa.?

V.Sa:

Bão, tirando as parte qui eu num intendi, e me perdoe a D.Augusta aqui presente si é qui eu vou falar alguma bobagem, mas quem me arranjou emprego lá em São Paulo foi um irmão meu qui já tinha vindo pra Sum Paulo e tava trabalhando num lugar chamado Sindicato, que eu não entendi muito bem o tipo de serviço que se fazia la porque era o dia inteiro sem fazer nada a não ser um dedo de prosa com todo mundo o dia inteiro. A gente começava a conversar de manhã nos escritórios e terminava altas horas da noite nos boteco da região. Mas ele me arranjou numa firma grande, uma tal de Villares, que fabricava aqueles elevador de prédio de bacana. Mas tinha mais coisa também. Fiz um curso no SENAC e me tornei um Torneiro Mecânico com diploma e tudo em três meses!

Senador:

Então V.Sa. se tornou Torneiro Mecânico pelo SENAC! Parabéns! E parabéns ao SENAC em ter conseguido lhe ensinar alguma coisa em três meses. Mas o Brasil tem esses paradoxos como hoje temos diploma de Segundo Grau em três meses, a distância, com aprovação garantida e certificado pelo MEC. Mas voltemos ao assunto que nos interessa e que é o mote desta CPI, sem querer desmerecer as Donas Augustas que porventura nos ouvirão, mas como ia dizendo, V.Sa. fez um curso de três meses no SENAC e se tornou Torneiro e então...

V.Sa.:

Torneiro Mecânico!

Senador:

Que seja! Enfim, Torneiro Mecânico! O que é especificamente ser um Torneiro Mecânico?

V.Sa:

Muito me admira o Senhor ser um Senador da Republica e não saber o que é um Torneiro Mecânico! Como pode um homem com tanta sabedoria não saber o faz um Torneiro Mecânico?

Senador:

Quem faz as perguntas aqui sou eu e não vou admitir que V.Sa. tripudie em cima de mim!!

V.Sa.:

Eu nunca fiz essas coisa em cima de ninguém! E vou falar então o que faz um Torneiro Mecânico: ele torneia coisas mecânicas, ora!

Senador:

O que especificamente?

V.Sa.:

Peças que precisam ser redondas e não são ou então estão erradas e a gente tem de arrumar. Ou então quando um engenheiro lá de cima, cisma com uma peça de um jeito e não sabe como fazer, então a gente tem de fazer pra eles para eles poderem entender. Entendeu?

Senador:

Isso significa então que o torno é uma ferramenta manual que gira? Qual o tamanho dessa ferramenta? É possível levá-la no bolso? Seria possível alguém não qualificado usá-la para outras coisas que não fazer coisas mecânicas redondas?

V.Sa.:

Depende: o Senhor ta fazendo muitas perguntas ao mesmo tempo então vou responder se me lembrar de todas, se não me lembrar o Senhor pergunta de novo: o torno não é uma ferramentinha, não Senhor, é uma ferramentona, não da pra guardar no bolso e nem levar na bolsa e quem não souber usar vai se machucar muito até aprender!

Senador:

Depois disso, desse seu diploma de Torneiro, o que mais V.Sa. fez?

V.Sa.:

Bão, meu irmão, aquele que trabalhava no sindicato, falou pra mim ir trabalhar com ele pois eu levava jeito e falava demais, gostava de contar causo e beber pinga. Então ele me arranjou pra trabalhar com ele no sindicato e eu comecei e trabalhar.

Senador:

Por qual motivo que seu irmão lhe levou para trabalhar com ele no sindicato e qual departamento que V.Sa. trabalhava.

V.Sa.:

Já falei pro Senhor que meu irmão me levou pra trabalhar lá porque eu gostava de contar causos, até mesmo os que eu o inventava, e o pessoal de lá já tava enjoado de ouvir sempre as mesmas pessoas falando as mesmas coisas. Então ele me levou e eu comecei a trabalhar no departamento de aposentadoria.

Senador:

Especifique por gentileza! Quero dizer: diga o que V.Sa. fazia nesse seu emprego!

V.Sa.

Ele me falou que eu ia poder trabalhar pouco na empresa e os home iam ficar me respeitando por eu ser funcionário do sindicato. Eu cuidava das aposentadoria do pessoal que ia lá e principalmente das viuvinha que apareciam por lá precisando de receber as aposentadoria e consolo. Eu providenciava tudo.

Senador:

Certos detalhes não nos interessam. Mas o certo é que o sr conhecia todos os tramites para se requerer uma aposentadoria, inclusive por acidente de trabalho?

V.Sa.:

Sim senhor, com certeza, que eu conhecia tudo senão não ia poder aconselhar o pessoal que ia la.

Senador

O sr cuidava também da área dos segurados que recebiam indenização por acidente?

v.sa.

Também sim senhor, e sabia de cor a tabela de indenização das companhias.

Senador

E qual o tipo de anestesia necessária para arrancar um dente? O sr tinha conhecimento?

v.sa.

Sim senhor, é lógico! Tinha uns amigo dentista que me ensinavam um monte de truques, que nem os medico do sindicato.

Senador

Como assim? Que truques?

v.sa.

Uai, como ficar com a temperatura alta para pedir licença, ter disenteria de uam hora só, pra poder pegar três dias, tinha um monte de truques para poder matar o serviço.

Senador

Quer dizer então que o sindicato ensinava artimanhas para fraudar as empresas?

v.sa.

Isso não senhor, fraudar as empresas jamais, mas tirar um pouquinho do governo que tanto tirava da gente, isso a gente ensina até hoje!

Senador

Se o senhor é torneiro mecânico como é que foi por sua mão na prensa de um amigo?

v.sa.

Foi sem querer, eu ia conversar com ele e me apoiei com a mão e ela baixou e eu não vi.

Senador

Quando o senhor apoiou a mão na prensa, para que ela baixasse sue amigo teria que pisar ou acionar algum botão para que a prensa baixasse e fazendo muito barulho, tanto que os operadores de prensa usam protetores auriculares e o senhor diz que não viu?

v.sa.

Pois é, o papo tava bom e me distraí!

Senador

Alem disso o senhor estava na posição que deveria estar seu amigo: porque ele não estava na posição de acionamento?

v.sa.

Eu pedi pra ele se afastar!

senador

Se afastar!! Com assim?

v.sa.

Eu não disse se afastar, eu quis dizer que ele se afastou um minuto e eu apoiei a mão na prensa

Senador

Mas quando se apóia a mão numa prensa, apóia-se a mão na prensa e não apenas o dedinho. Como pode um homem do seu porte e peso apoiar-se apenas com o dedinho numa prensa de vinte toneladas, acionada por botão com sistema de segurança contra acidentes?

v.sa.

Eu não sei não senhor, mas que é verdade é!

Senador

Não é verdade também que o senhor recebeu uma indenização referente à perda do dedinho, mas que o incapacitou definitivamente para o trabalho, podendo com isso requerer sua aposentadoria precocemente, comprando sua primeira casa própria com esse dinheiro da seguradora?

v.sa.

Foi mais ou menos isso!

Senador

Não foi também com esse dinheiro da sua aposentadoria precoce e com o dinheiro que recebia para organizar greves que o senhor conseguiu comprar sua cobertura em Santo André, criar seu filhos, com férias na Suíça, e ainda pagar o condomínio sem se preocupar com as contas no final do mês?

v.sa.

Sim senhor! mas o apartamento foi presente de um amigo e o condomínio quem paga é o partido!

Senador

O partido não deveria pagar para todos os associados?

v.sa.

Não senhor,pois os associado do PT é burro e só nóis da cúpula é que leva as vantage do puder.

Senador

O senhor não acha que isso é corrupção?

v.sa.

Não senhor, isso é um direito dos trabalhador que chegou onde eu cheguei atraveis dos meus sacrifício e do sacrifício da minha família nesses anos todos da dita dura e nos mêis que passei na prisão!

Senado

Mas o senhor saiu da cadeia para viajar, duas vezes!! E passou apenas dias na prisão!!

v.sa.

Mas o motivo era bom, e serviu para trocar umas idéias com o pessoal lá do norte e o pessoal esquece logo as coisa e acredita naquilo que a gente repete toda hora, passei meses preso!!

Senador

A agora, o que o senhor pretende fazer?

v.sa.

Bom, um passaporte novo, uma prótese importada e gastar um pouco com a muié no país que ela escoiê purque já visitamo tudo e agora ela escolhe.

Queria deixar meu agradecimento ao povão desse país maravilhoso e que continue assim, apoiando as causa social e acreditando no nosso partidão.

Inda mais porque CPI não tem poder de policia nem de punição, apenas averiguação. Então bye, bye.

É UM ENSAIO, UMA CRONICA ATRASADA, UMA VONTADE DE FALAR.....