Pais e Constelações

Vitória está muito bem, o susto passou, mas o trabalho começou. Nada que eu não estivesse esperando ou que não tivesse sido anunciado por diversos “pais-amigos da onça”, que vinham em galope dizendo: “dorme, enquanto pode!”.

Já não durmo direito à quase uma semana, e, quando finalmente cochilo; acordo assustado com qualquer sussurro da minha bebê; daí, levanto agitado, vou até o berço, mas a visão daquela pequena respirando e sonhando com esse mundo, dispara um sorriso enorme em mim, e me dou conta, é tarde demais: estou completamente apaixonado pela vida da minha menina.

Sim, agora estou experimentando aquelas cenas clichês de todo pai de primeira viagem.

Sim, agora estou percebendo que um amor incondicional começa a despertar no peito e vai tomando de conta da gente e sentimos que é esse tipo de amor que permite que o mundo seja um lugar ainda civilizado para se viver.

Sim, ser pai provoca em você, tudo aquilo que todos os seus amigos e parentes disseram antes, e mais um pouco tanto, que não cabe em palavras, pois só a linguagem dos sentimentos consegue expressar isso, quando isso acontece.

Para quem não é pai ou mãe ainda, não adianta ler a respeito tentando vivenciar similar sentimento, mas é possível imaginar que quando esse momento lhe alcançar, você verá e terá certeza que todos os acontecimentos da sua vida o conduziram para aquele instante, quando, na calada da noite, sussurros do seu filho dormindo provoca em você, super-novas de felicidade.

E se em algum lugar do universo, uma constelação tiver nascido, pode acreditar, isso foi causado pelo big bang que surgiu no coração desse pai feliz ao ver a sua filha viva.