E agora José...

Quando José olhou no espelho, deu conta que havia se transformado num sujeito indisciplinado entregue ao tempo com jeito de mais idade perguntando pateticamente o que haviam feito com sua imagem frente aos demais.

As fichas iam caindo sob forma de lágrimas enquanto seus pensamentos vagavam no tempo em que se deixava invadir dando de si a parte mais nobre pois acreditava um dia receber algo mais que um silencioso obrigado em forma de gesto de cabeça.

Custou aprender que a ira tem gosto de morte enquanto o trem da vida abandona a plataforma sumindo no horizonte feito sombra de nuvem no sertão descampado esperando um dia o comboio voltar. É Jose... a vida se foi e o que passou não volta mais porém o trem da alegria, sim... Este não cessa de nomear gente feliz se dizendo serena chorando as mágoas do outro num misterioso ritual de um mundo distante tamanha felicidade sentem vendendo a miséria do próximo como se fosse a sua e assim, embolsar mais para viver melhor.

José, José... esqueça o que passou. Essa coisa dentro de você se chama raiva - teve inicio no passado mas quando brota no presente futricando os pensamentos, a gente esquece que é gente para reviver a dor latente como se fosse coisa do agora. Neste mundo, meu caro, o único trem que não vai a parte alguma é o comboio da alegria onde os comensais estão sempre à cata de carne fresca para vender o peixe do amanha.

Manoel Cláudio - 24/11/2006 - 12:35h

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HP medica/neurologia/epilepsia

Manoel
Enviado por Manoel em 24/11/2006
Reeditado em 24/11/2006
Código do texto: T300108
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