Cadê a minha Paixão?



 
Das coisas que nos arrependemos, devemos dizer “Pra Nunca Mais”. Das coisas que nos acrescentaram o bom, é dizer simplesmente: “Sempre”. 
(Sunny Lóra) 


...E quando vem a paixão, como enxurrada, tirando a noção do que é normal, certo, errado, vemos o quanto somos sujeitos a ciladas que nos tornam presas difíceis de escapar. Dizem que amor mesmo, aquele verdadeiro, é uma vez na vida. Existem amores em cada momento de nossa existência; pelos filhos, pelos irmãos, pelos pais, pelos amigos, pela natureza, pelos animais... Já a paixão não.

Ela veio para que possamos ter a noção verdadeira do amor e dela podemos tirar grande proveito, quando todos os neurônios forem reconduzidos à razão.



Razão sim, porque paixão não tem freio, não tem relógio, não soma, não diminui, não multiplica, não divide. É interminável, abundante, não tem absolutamente nenhum limite. Por paixão viramos à esquerda nas estradas de madrugada, não conciliamos o sono – e se ele por acaso vier, a sombra da paixão estará velando os nossos sonhos. Por ela descartamos o que nos rodeia na vida.

Seu par é tudo de mais bonito, o céu é sempre azul, seus sentidos são perenemente uma canção, que vai cerceando cada poro de seu corpo – porque mente mesmo, não funciona. Emperra na paixão!

A voz do outro lado da linha tem sabor de doce de leite agarrado na panela. Cada vez que o telefone toca é uma fisgada a mais no coração. O corpo torna-se um santuário, todo enfeitado de flores lindas. Cada detalhe é cuidado. Cabelos, unhas, cores, lingerie, lençóis, perfumes; travesseiros são substituídos, as fronhas passam a ser de seda, o sabonete simples é trocado pelo mais sofisticado, sprays aromatizadores são borrifados no ar condicionado, “para quando o amor chegar”. A gente fica com cara de idiota, fica sim, mas não notamos. Os lábios ficam dormentes de tanto beijar e sorrir. Escova-se dentes dezenas de vezes, a bolsa fica entupida de chocolates e balas de caramelo...



A ansiedade de estar perto é tão grande que não temos o poder de controlar o que nos cerca no que sobra da vida. Fome não aparece, o vizinho rabugento ganha “bom dia” de uma dia para outro, o serviço é feito mecanicamente porque o pensamento está totalmente tomado pela paixão. Tocar a pele do “objeto” amado é uma das sensações mais poderosas do corpo. As mãos vão deslizando dos cabelos até a ponta dos pés com uma facilidade e prazer que dá a sensação de flutuar.

Perder a paixão de vista é torturante. É reviver cada momento, cada pedacinho de acontecimentos bobos e outros, nem tanto assim. E a mente volta, volta, volta e recomeça tudo.



A paixão não tem hora nem lugar. Não existem grandes paixões; a paixão é única, absoluta. Quem é agraciado com a presença da paixão inutiliza totalmente o que faz parte da vida, porque a única pessoa existente no mundo (e perfeita) é o par da paixão.
Dificilmente podemos contar com alguém violentamente apaixonado porque conviver com outras pessoas é torturante. Dentro das pupilas, do corpo, do coração, da alma, do sexo, só existe uma única pessoa.

O amor não marca; pelo contrário, ele permanece, quando instalado. A paixão carimba a pessoa para sempre. Nunca se ouviu falar de uma paixão que foi “esquecida” totalmente. O tempo ajuda a amenizar e colocar cada célula do nosso corpo no devido lugar.

Sim, porque a paixão é uma guerra gostosa de cada pedacinho de tudo que somos... Viver terá valido a pena, em plenitude.
 



Domingo de Maio, 2011
Imagens Bing e Google

 

Sunny L (Sonia Landrith)
Enviado por Sunny L (Sonia Landrith) em 29/05/2011
Reeditado em 29/05/2011
Código do texto: T3000530