SOSSEGADO PARA NAMORAR / APRESSADO PARA CASAR!
Há um paradoxo bem nítido no título acima. Mas, não se preocupe que irei esclarecê-lo a seguir.
Um noivo repleto de dúvidas, ao chegar ao cartório no dia marcado para o seu casamento, vendo uma fila, achou que algo estivesse errado e sem titubear, sem segundas intenções, furou-a sem dar ouvidos a alguns assovios, em forma de protesto, por parte daquelas pessoas que estavam ali e, consequentemente, chegaram primeiro àquele local. Todavia, o motivo pelo qual aquele noivo "furão", que parecia apressado desrespeitou aquela fila foi um mal-entendido que ocorreu ao pedir uma informação a um funcionário do referido cartório.
- Por favor - disse o nubente - gostaria de uma informação!
O funcionário, aparentemente nervoso, talvez por causa daquele movimento ali em frente ao cartóriio, não quis saber o teor exato da informação e já antecipou-a, com outra pergunta corriqueira:
- Os padrinhos já estão aí?
- Sim, mas esta fila...
- Mande entrar e aguardar ali dentro!
O noivo achou muito estranho aquilo, mas não argumentou mais nada. Simplesmente fez um gesto afirmativo para o final da fila e em seguida adentraram naquele recinto a sua noiva e os respectivos padrinhos e madrinhas.
Neste momento, foi ouvido um leve protesto em forma de assovios, porém logo dissipado, sem nenhuma celeuma mais contundente.
Não demorou muito, após a escrivã questionar o nome dos noivos e averiguar numa pasta que o documento, isto é, a certidão de casamento daquele noivo não estava ali, o dito cujo ficou um pouco apreensivo, nervoso e, concomitantemente, constatou a veracidade do rifão popular que diz: "O apressado come cru!". Resignou-se.
Neste ínterim, outro funcionário foi providenciar aquele documento, pois sem o qual não haveria a cerimônia prevista, afinal, a certidão era algo imprescindível. Enquanto isso, outro casal foi chamado para a cerimônia, logo depois outro. Vendo aquilo, um dos padrinhos fez até uma brincadeira:
- Eles estão procurando o documento ou fazendo outro?
- Ou será que foram comprá-lo em outra comarca?
Os noivos fingiram rir, mas no íntimo já estavam bastante preocupados. Ao mesmo tempo que a noiva resolveu falar algo:
-Ainda bem que você furou a fila. Pois já pensou, se fôssemos os últimos e ao chegarmos aqui deparássemos com este imprevisto? Das duas, uma:ou não casaríamos hoje ou então iríramos sair daqui só depois do almoço!
Até que, finalmente, a funcionária surgiu com uma pasta e ostentou o polegar da mão direita, positivamente. Só assim, a angústia daquele humilde casal chegara ao epílogo. O casamento foi em seguida realizado, antes porém, foi feito o pedido de desculpas pelo transtorno e tudo terminou bem.
Após este imbróglio, uma lição serviu, principalmente ao recém-casado:
Nunca tentar querer levar vantagem sobre os outros, mesmo quando não tiver absoluta certeza e intenção de querer menosprezá-los.
João Bosco de Andrade Araújo