DILLULMA E O PARLAPATÃO

Cada ano do calendário chinês, no ciclo de 12 meses, recebe o nome de um animal; este é o ano do dragão com todos os significados que esse monstro tem, para eles.

Nós, não temos esse costume de dar nome aos bois; melhor, aos anos, e, por isso, quando batizamos algum período, alguma época, não há a precisão e um padrão certo a seguir. É bem do nosso brasileiro jeito de ser. Assim sendo pode se dizer que os últimos 8 anos foram os “anos do Jumento”. Durante esse período, o jumentismo foi marcante influenciando, com suas bizarras aleivosias todos os setores da política desse país, como nunca antes, dada a sua extravagante originalidade.

O jumentismo não se origina nos mitos e nem deles traz alguma reflexões já que é uma rara espécie de saber imperfeito, ilusório; um saber ignorante. Por isso e por ser assim, o jumentismo exerceu durante esse período forte pressão sobre a população fazendo parecer verdade o impossível e provável o duvidoso. O jumentismo, doutrina protofilosófica, elaborada e desenvolvida por Da Silva, o molusco, deverá, ao que tudo indica, ser ainda mais empregada nos próximos anos, quando se fortalecerá ainda mais.

DiLullma, forjada no jumentismo, mitológica personagem dessa protofilosofia, parida das entranhas do jumentismo, veio à luz ha pouco tempo. Seu discurso não difere do de Da Silva, o molusco, porém engana muita gente, pois parece ser o que não é, parece ter sentido, parece ser lógico. Parece ser mais sóbrio, mais elegante e até demonstra ser mais objetivo. Parece.

O discurso de Da Silva, o molusco, é galhofeiro, simplório, bem ao gosto do grande povão bolsista. O de DiLullma tem jeito de inteligente, mas é tão mais perigoso, pois é dissimulado dando a impressão de erudição. Compare.

Da Silva, o molusco, disse: “Eu gostaria de ter estudado latim; assim eu me comunicaria melhor com o povo da América Latina.”

DiLullma disse: ”Eu também tenho uma posição clara em defesa de a vida. Acho que a vida é um valor que nós, seres humanos, termos que “respeitá”, temos de “honrá”, e sobre tudo temos de “percebê” a dimensão transcendente dela.”

Da Silva disse: “Um número baixo de pessoa votante é uma indicação de que menas pessoa estão votando.”

Não trataram de assuntos diferentes como pode parecer; trataram de pessoas, de suas vidas, de suas necessidades e de seus direitos. Falaram a mesma coisa com suas capacidades diferentes de expressarem-se. Mas esse, talvez, seja apenas um detalhe de pouca importância tanto quanto querer ser chamada de presidenta; como se o particípio ativo verbal de presidir não fosse presidente; não existe no feminino. Exerceu a ação que expressa um verbo? Adicione os sufixos ante, ente ou inte, à raiz verbal, aprendia-se antigamente.

DiLullma confunde-se acreditando que existe, na nossa língua portuguesa, a norma culta de falar e escrever e um jeito errado que também é valido. Confunde-se e vai fazer com que gerações futuras errem gramaticalmente e acertem o errado oficializado pelo Estado. Confunde-se ao acreditar que sotaque e falar e escrever errado é a mesma coisa; erro de concordância, nominal ou verbal, é erro gramatical. Ponto.

Mesmo assim esperamos que ela não fique “doenta” para que as mulheres fiquem “contentas” com ela sendo a nossa “regenta”. Como é um ser, é um ente; um ente político desde os tempos de “estudanta” quando ainda era “adolescenta”. Portanto quem preside é “presidente”.

Voltando ao Ano do Jumento, para encerrar o assunto, ele não acabou ano passado porque esses anos animais não têm necessariamente 12 meses, não duram exatamente um ano, pois são brasileiríssimos. Fazem parte do quilo de 800 gramas, do metro de 89 centímetros; da meia verdade e do “assim ta bom”; do “deixa que eu chuto”. E eles também são surpreendentes. Ao contrário dos chineses que sabem por antecipação o bicho correspondente ao ano que virá, nós somente podemos descobrir que bicho que deu depois que o ano terminou. Esse 2011 esta pela metade e pode durar tanto tempo quanto for determinado por seus donos; sim, os anos têm donos. Eles determinam a duração, o povo, porém, lhes dá o nome. Há quem diga que esse será o Ano da Tartaruga; mas não sabem quanto tempo vai durar e ainda menos se já começou.

O que se cogita é que esse poderá ser o Ano DiLullma. Há controvérsias, alias como bem se sabe. Todavia, se não for o início de uma nova era, é, pelo menos, os novos tempos de governança. DiLullma não gosta de conversa mole nem de salamaleques. A tradicional comemoração dos 100 dias de governo foi suspensa; melhor, nem se falou nisso; não houve essa bobagem tão ao gosto de Da Silva, o molusco. Ella também, ao que parece, não enrola no dia a dia; é objetiva como um gerentão dos brabos; quem já viu? Mas em política a história é outra e enrolar “faz parlrte”, como se dizia. Ella pouco se expõe, mas não resistiu ao convite de Hebe Camargo e lá se foi para um papinho entre senhorinhas. Na casa televisiva de Ana Maria Braga foi para a conzinha e meio sem jeito pra coisa preparou um simplório e frugal omelete. A turma do marketing quer que ela se exponha mais, fale mais com a imprensa, participe de inaugurações, participe mais de ações e de eventos e inaugure até pintura de meio fio e de meia arvore Brasil a fora; tudo branquinho como convém. Ella não vaia fazer nada disso, já disse. Por ora só foi até a China, tratar de algumas questões econômicas; e que sejam negócios da china; e ao Paraguai, que é logo ali, foi e voltou num vapt-vulpt.

Mas, como a Presidente não é, como dizer, da turma, já que foi imposta por Da Silva, o molusco, não consegue fazer o que eles fazem: politiquice. Isso mesmo. Política a base de ice, esse sufixo que forma os substantivos abstratos, como vigarice, mesmice, coitadice; todo mundo sabe, pois não? Como Ella ta mais pra sargentão a frente de um pelotão de extermínio do que pra contorcionista ou bailarina da dança do ventre, Da Silva, o molusco, entrou em ação. Na hora certa. Alias nunca esteve fora de ação, apenas andou por aí parlapatando e cobrando caro por isso - e há quem pague dizendo: “obrigado por tudo até aqui.” Pois de volta a ação reuniu a turma e parlapatou: “não existe isso nem aquilo. Não existe nada. Ninguém sabe e ninguém viu. Eu mesmo não vi e não sei. De forma que vâmo trabalhá que tem muita coisa pra fazê. Sem crise!”

Pronto; sem crise. E sem crise ta tudo bem e Dilullma, alaranjada que só, volta pro lugar que seu mestre mandou.

CESAR CABRAL
Enviado por CESAR CABRAL em 28/05/2011
Código do texto: T2998676
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