O homem
"Recolha um cão de rua, dê-lhe de comer e ele não morderá: eis a diferença fundamental entre o cão e o Homem." (Mark Twain)
Certa vez, ainda no começo do meu ensino médio, minha professora escreveu esta frase que aqui está no quadro, e eu guardei, como um de meus souvenirs pessoais. E agora, pensando bem, Mark tinha razão.
O homem, ao meu ver é o câncer do mundo, o tumor que punge a Terra. E não adianta vir com o papo de que você não polui, que só usa produtos naturais e recicla o seu lixo... Você polui e destrói da mesma forma. O ser humano, em si, na sua essência é um ser destruidor, tanto é que na natureza, é o único animal que se julga racional e mata o seu semelhante por motivos quase sempre desconhecidos ou banais. Agora lhe pergunto: “O homem é realmente racional, ou é apenas uma justificativa para nos julgarmos superiores a outras espécies?”
A desigualdade é pregada regularmente nos comerciais, nos outdoors e nas revistas, de modo que se você não tem algo que foi recém lançado, você é brega, ou está fora de moda, ou simplesmente não presta. É duro, mas seja bem vindo ao mundo cão. Mundo este no qual enquanto você come seu Big Mac, há uma criança desnutrida morrendo por inanição na África, ou enquanto calça seu Nike com oitenta molas, uma criança chinesa é tirada dos campos de arroz para trabalhar na linha de produção. E ainda pregam a igualdade entre os povos... Demagogia besta e hipocrisia são as duas únicas palavras que me vêm a cabeça quando penso sobre o assunto
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A ONU (Organização das Nações Unidas ou Organização Nada Unida) nada faz, em nada interfere o ritmo frenético das máquinas de coca-cola e da produção de armas no mundo, uma vez que irritaria o seu chefe, os EUA. Mais uma vez, batemos de cara na parede: Como uma organização que deveria pregar a paz entre os povos, entra em um conflito armado? É a máxima romana: Si vis pacem, para bellum (traduzindo: Se queres paz, te prepara para a guerra). Seria realmente possível evitar um banho de sangue sem derramar mais sangue? E enquanto morrem pessoas em guerras nas quais não se sabe o sentido, vendemos armas, munições e mísseis para se matarem ainda mais. É como um expurgo da raça humana sendo feito por ela mesma. E a Terra, se banha de vermelho-sangue com os seus habitantes. Enquanto isso, consumimos mais e mais dela, poluímos seus rios, sugamos seu petróleo e sujamos cada vez mais a camada de ozônio; com isso cavamos a nossa própria cova, vamos andando a duzentos quilômetros por hora em direção a um abismo e o que fazemos a respeito?
Nada.
A produção não pode parar, produção é igual a dinheiro. Dinheiro é igual a riqueza e a riqueza vai pro bolso do empresário capitalista que escraviza milhões de pessoas no mundo todo, porque se julga melhor do que os outros. Não que eu critique o capitalismo, de forma alguma. Dos males, o pior, claro, até porque pensar no estado socialista é quase se imaginar em um presídio de proporções continentais. Mas o fato que nos levou até aqui foi o homem. E todas as imbecilidades aqui citadas não são nem um décimo do que a raça humana já fez e ainda pode fazer... Lembram-se da 1ª Guerra Mundial ou “A guerra para pôr fim a todas as outras?”, Lembram-se da 2ª Guerra mundial? Onde morreram algo em torno de seis milhões de judeus, ciganos e povos eslavos só por conta da ignorância e da lavagem cerebral causada por apenas um homem? Quantos mais devem morrer, quantos órfãos se deve fazer para se chegar a conclusão de que guerras não beneficiam a lado algum?
Crianças que morrem de fome no sertão em meio aos pastos secos e as carcaças do gado morto pelo calor e pela falta de água, enquanto em Brasília, os nossos honoráveis deputados e senadores aguardam o despacho do presidente da república para aumentarem seus salários e terem novos carros de passeio. Pessoas analfabetas, que não tem sequer uma certidão de nascimento, quando a renda per capita do Brasil é de US$ 10.814 e algumas pessoas ganham menos que um salário mínimo. São os ricos acenando do alto das suas janelas e cuspindo na cabeça dos menos afortunados.
Esse é o contraste... E é algo tão gritante, que não consegue passar despercebido por mim. Como toda vez que vejo um menino a fazer malabares no sinal de transito de dentro do meu ônibus.
- Seria ele o homem ou o cão?