COMO GATO ATRÁS DO PRÓPRIO RABO...

Meu título de hoje não é nada elegante, porém, é um tanto analógico ao pensamento sociológico que eu aqui pretendo figurar.

Vivemos uma enorme euforia política que comemorava um súbito crescimento social nestes últimos anos de Brasil, no entanto, parece que agora percebemos nitidamente os sinais claríssimos de que algo muito fantasioso existia por sob as cortinas dos palcos das ilusões.

Respeitável público cidadão: Acordemos! Já é hora!

Nessa semana, aqui em São Paulo, nos foi noticiado algo extremamente triste e inusitado, o fato de que um automóvel que era guardado SOBRE O TELHADO DUMA CASA, despencou da improvisada garagem, uma laje, infelizmente matando o seu dono.

O carro literalmente mergulhou sobre o dormitório da modesta residência duma comunidade carente, imagem incrível e lamentável de ser ver.

Aliás, acho que somos os campeões do mundo quando o assunto é "imagens incríveis de se ver".

É fantástico o nosso mais escondido cenário social.

Mas não vou perguntar, porque de nada adiantaria, como construções daquelas...as dos famosos e tão frequentes "puxadinhos", acontecem sob as barbas do poder público sem que ninguém os veja, colocando, a precariedade da construções, a vida de tantos cidadãos em risco.

Bem, aqui em São Paulo, de fato, faz tempo que ninguém vê nada.

Mas a cegueira política-administrativa de Sampa não é o foco da minha analogia. Já cansei do assunto.

O que quero dizer é que naquela residência tão simples havia um crescimento "social" aos olhos vistos do governo e do IBGE, um bom automóvel estacionado ali, provavelmente advindo do esforço,do suor daquela família batalhadora, também beneficiada pelos anos de ilusão econômica plantada neste país.

De fato vemos muito disso por aqui. Casas em que há de tudo, menos as condições mínimas para se viver em segurança e com saúde, e sem a devida infra estrutura para recepcionar o fruto do tão comemorado "crescimento social" das famílias brasileiras.

Exatamente como ocorreu, certa vez, quando passei em frente a um incêndio duma comunidade, cujas residências de madeira foram consumidas em fracções de segundos, e aonde inúmeros eletrodomésticos, todos novinhos em folha, foram parar no meio da avenida.

Cena triste de ser ver, aquela. Nunca esqueci daquilo.

Em suma: Ali , à luz do dia e do fogo, exposto o eufórico consumismo abandonado ao meio fio, aquele que mede a atividade econômica NÃO SUSTENTADA do país afora, que todos os políticos comemoram.

Assim somos nós, portanto, por macro analogia.

Um país que "cresceu" no conteúdo descartável do consumismo desnecessário a explodir o seu continente, que já não suporta sustentar tanta miséria disfarçada..pelos seus quatro cantos.

Um país que até a mídia global e hegemônica que apoiava o "tal crescimento" já dá sinais de concordância com a opinião de que estamos "quebrados". Inclusive eticamente.

Já declara que "não temos sequer rodoviárias para o povo , o que dizer de sediar uma copa do mundo com toda a infra -estrutura necessária para um mega evento". Só um grande milagre a tempo ...e sem licitações. É o que dizem os experts.

Se de fato crescemos socialmente? Eu não acredito. Não é o que meus olhos vêem no meu dia- a -dia, tampouco o que meu coração sente.

Acredito que crescemos naquilo que não precisamos: no fútil, próprio dos desavisados...dos "sem noção", como dizem os adolescentes.

O alicerce do real crescimento social ainda está muito longe de ser construído.

Enquanto isso somos como "um gato a correr atrás do próprio rabo incendiado". Os políticos acendem as faíscas, apenas isso.

O resto é conversa para o povo dormir...cegamente hipnotizado pelas falácias.

Assim, muitos telhados ainda cairão sobre as nossas cabeças. Infelizmente.