Educação e Tristes Notícias
     

    Nos círculos de amizade, distinguem-se alguns que se interessam em nos dar notícias chocantes; em serem os primeiros a dizer a novidade, perguntando com suspense, sem dizer “o quê”: “Já sabia, já sabia?” E, dita a novidade, ao se retirarem, a crítica ganha coragem: “Ele só traz notícia ruim. Quando não existe, ele inventa.” Talvez por esses mesmos motivos, haja o gosto coletivo pelos filmes de suspense, de tragicidade, de coisas contrárias às idealizadas coisas boas da vida. Percebendo essa preferência coletiva, não sei se mórbida, mas até mitológica, pela cor do sangue, “a imprensa carrega nas tintas”, e os repórteres de rádio e TV anunciam e repetem catástrofes, violências e fins funestos, como sendo o assunto mais importante do dia.
    Nada mais triste, para educadores e conscientes da importância da educação, do que as notícias sobre o analfabetismo no nosso país ou sobre os escolarizados que não sabem ler, especialmente na Paraíba que se destaca nesses índices de “ranking” negativo. Discursos existem. Porém, falta ação política consequente, planejada, metodológica, constante e eficaz, dirigida por educadores capazes de, em apenas três ou quatro anos, erradicar o analfabetismo. 
    Lamentável notícia lemos, nesta semana que passou, como quem desistisse de ensinar,“jogando a toalha” diante da gravidade do problema: “Técnicos em educação” reconhecem que o idioma nacional, se entendido, é aceitável; admitindo, sem alguma reação, os “tu é”, “eles fala”, “a gente compramos”, “para mim fazer” , “os político”, “aonde está” ou “onde vamos”. Este mal já se propaga mais rápido do que peste contagiosa, através dos meios de comunicação, propagado por debates, programas ao vivo, discursos e entrevistas de autoridades, políticos, novelas e etc. Até, em algumas casas de “reforço escolar”, lê-se o erro em seus frontispícios: “Ensina-se português e inglês”. Pior do que esta realidade é a omissão do Estado, que deve educar, enquanto primeiro responsável pela educação do seu povo.  A reportagem “O assassinato da Língua Portuguesa”, da Isto É nº 2167, informa-nos que “o livro distribuído pelo MEC tolera erros gramaticais como “os livro” e “nós pega”. Atitude reprovável como esta desfaz o que se ensinou; ensina o que não se deve e transmite a milhões de brasileiros uma língua paralela, imprecisa e de muitas variáveis. Se um idioma de maior perfeição é considerado “linguagem de mal-entendidos”,  imagine-se uma língua sem regras, falada segundo o gosto e a comodidade de cada ignorância.