SENSAÇÃO DE DESABRIGO
A chuva caía sem parar e em pouco tempo a rua estava alagada. A correria era geral tentando impedir o avanço das aguas. Carros começaram a ser retirados das garagens dos prédios prevendo uma possível inundação. A chuva fica mais forte, a água continua a subir e já alaga as calçadas e aos poucos ultrapassa os umbrais dos dois grandes portões da garagem do meu prédio. De repente, um mar de água invade a grande garagem que se transforma num enorme lago de sujas águas pluviais.
Dentro de nosso apartamento antes estávamos tranquilos, agora preocupados com os carros dos vizinhos uma vez que na garagem o nosso não estava.
Em apenas um minuto não tínhamos mais garagem, a energia elétrica, diante da água que já cobria os motores e instalações existentes na garagem, teve que ser desligada, consequentemente os dois elevadores, os interfones ficaram paralisados.
Chega então a comunicação do síndico sugerindo que nos mudássemos para a casa de amigos ou para hotéis. Resistimos e resolvemos acender velas e usar os telefones que ainda tinham bateria e dormimos em nosso apartamento, enquanto duas bombas trabalharam a noite toda na retirada da água da garagem.
O dia amanhece e com ele novas e baldadas esperanças. Um novo comunicado nos advertia para a urgência em sairmos, pois a água potável estava acabando e as águas da enxurrada haviam invadido o grande reservatório do prédio.
Assim tivemos que deixar nossos apartamentos até que os problemas sejam resolvidos.
Esse fato, que mexeu com o conforto e a sensibilidade de pessoas que tranquilamente puderam ir para a casa de um parente ou procurar um hotel, nos fez sentir na pele um pouquinho da dolorosa e desesperadora sensação porque passam famílias desabrigadas.
25/05/2011