ATRÁS DA PORTA COM ELIS.
                                    
    Ao ouvir esta música cantada por Elis Regina, vejo o desespero de   uma mulher rejeitada pelo homem que um dia disse amá-la. Há um trecho que diz: e me arrastei/ e te arranhei/    e me     agarrei         nos teus cabelos/ / no teu peito/teu pijama/nos teus pelos... É a mais cruel cena de humilhação. O amor não  humilha e    não deve ser humilhado. Não consigo imaginar-me em situação idêntica, até porque sempre gostei muito da minha auto estima. Se um homem    não ama mais uma mulher é hora de levantar a cabeça, sacudir a poeira e seguir    em frente. Fácil? Quem disse que é?  O fim de qualquer relacionamento   traz uma certa incredulidade. Quando o olhar é de adeus, assim como canta Elis, não acreditamos. Não conseguimos atinar porque juras e planos amorosa e sonhadoramente    acalentados, perdem-se nas incongruências do cotidiano a dois . E o    que parecia uno, agora são duas fontes permanentes de atritos até a desistência   irrevogável de um. E se a questão foi tão mal resolvida, um dos dois prossegue como diz a música: dei prá maldizer o nosso lar/ a sujar teu nome/ a te humilhar/e me vingar a qualquer preço/só para mostrar que ainda sou tua...Atrás da porta, cantada      por Elis é antológica    .Desconheço qualquer outra música que cante tão bem a dor da rejeição.
       Elis foi e sempre será para mim , a maior cantora deste Brasil. Como nenhuma outra, ela dava alma às letras dos   compositores. Era intensa,    dramática, teatral. Será insubstituível, assim como todos os grandes artistas que tocam a nossa alma e fazem morada no arquivo da nossa memória emocional.