'Rotação-Translação'
Movimentos?
Que movimentos seriam esses?
Seus conceitos estão entre a listagem de conteúdos escolares desde os Anos Iniciais. Como educadora, seguidamente me pergunto sobre questões referentes a currículos escolares. E, despretensiosamente, me disponho expor alguns questionamentos e ideias que tem me ocorrido, diante do atual contexto escolar e social. A começar, esses conceitos seriam abstratos ou concretos? E, qual a sua importância para a criança de 8 ou 9 anos, na sociedade contemporânea? Seria possível a exemplo da Terra, nós seres humanos, realizarmos movimentos similares? A propósito, ao redor de qual astro-rei estaríamos girando ou giraríamos? Ainda sob o aspecto filosófico-interrogativo, seria possível o movimento de rotação e de translação, ao nos relaciornamos enquanto sujeitos sociais? Não sei, estou pensando sobre...
Na escola nos deparamos diuturnamente com situações conceituadas por colegas educadores e educadoras, como indisciplina escolar. Os alunos, alunas, crianças, adolescentes e até mesmo jovens, a cada dia parecem refutar mais e mais, a dinâmica da rotina escolar. Pergunto-me: por quais movimentos se move a rotina escolar? Acaso a escola gira ao redor de si mesma, ao redor dos sujeitos ali envolvidos? Não sei, preciso refletir mais a respeito...
Tais questões acrescidas dos índices de evasão (abandono) e repetência, e, ainda do trágico episódio em Realengo no Rio de Janeiro, tem tirado o sono de muitos gestores na tentativa cruel de buscar respostas para superação desses desafios. Me parece que a sociedade tem feito alguns movimentos, ainda que no sentido de nos cobrar, afinal o que é que a escola está fazendo? Qual é verdadeiramente, o papel da escola nesse contexto?
Além do que, as instituições sociais de proteção à criança e adolescentes, assim como a comunidade escolar em geral, tem se debatido e procurado manterem-se cada vez mais atentos a quaisquer indícios de violência no pátio da escola. À medida do possível, cada um, cada uma tem tentado fazer a sua parte. Ocorre que viver sob vigilância constante, não é bom para ninguém. Viver a custa de sobressaltos, estressa e desestabiliza qualquer ser humano. Repassar para a escola resolver situações que transcendem o contexto escolar, também não é justo.
A escola impotente diante da avalanche de responsabilidades que lhe são repassadas e, na ânsia de corresponder aos apelos da sociedade, pode acabar realizando movimentos espontaneístas. O ativismo da rotina escolar, descolado da reflexão teórico-prática, desqualifica o verdadeiro papel da escola. E, aqui volto ao movimento de 'rotação e translação', para através dessa analogia, expressar meu pensamento sobre o verdadeiro sentido de educar.
Reitero a importância da cientificidade do conhecimento, mas acredito que o papel da escola transcende à Ciência. Não posso concordar com conteúdos com um fim em si mesmo. Ao contrário, compreendo a escola como espaço de formação e construção a partir da Ciência sim, mas a Ciência comprometida com a formação de seres humanos co-responsáveis pela vida, no e do, planeta. Formação de um ser capaz de realizar o movimento de 'rotação' a partir de si, girando sobre o eixo de sua própria vida, a fim de conhecer-se melhor para aprender a amar a si próprio. Por conseguinte, sujeito capaz de realizar também o movimento de 'translação', ou seja, capaz de movimentar-se em direção ao outro. E, movimentar-se em direção ao outro significa aprender a amar, respeitando as diferenças.
Se a construção do conhecimento, seja sobre quaisquer conteúdos, e nessa reflexão, analogamente, sobre os movimentos de 'rotação e translação', for o movimento de humanização, oxalá tais conteúdos façam parte dos currículos desde o ventre materno...