O CEU
É claro que “céu” tem acento agudo no é, pois trata-se de um ditongo tônico e aberto, porém, não é desse céu que versaremos (essa palavra é ótima!)
Nestes tempos “bicudos”, de escassez de grana, há quem se desespere, fique lamentando pelos cantos ou culpando Deus pelas suas mazelas. Eu, como costumo brincar com tudo, há tempos estou pensando num empreendimento bom para ganhar dinheiro.
Como diria Lavoisier, “neste mundo, nada se perde, nada se cria, tudo se transforma”. Chico Anísio e seu antigo personagem “Tim Tones” serviram de inspiração a mim e a alguns amigos queridos: José Carlos, Glaydes, Léia e Giovana. Sentamos, então, para planejar e projetar algo que transformasse em céu as nossas vidas aqui na Terra.
Pensamos em criar o CEU- Centro Ecumênico Universal- para “arrebanharmos almas (e grana, claro)”. Zé seria o guru, eu a sacerdotiza e as demais amigas seriam nossas primeiras servas. Nosso discurso seria baseado num slogan: “Não espere para amanhã, entre para o CEU hoje!”. Abriríamos, simultaneamente, três templos, digo, salas VIP: uma na casa de Zé e duas na minha. Coisa fina, mano, como diriam os paulistas! Em nosso estatuto decidimos instituir o “vigízimo” (dízimo é muito pouco!), mas entramos em atrito quanto ao rateio, pois “meu” guru, como bom bancário, é muito guloso e queria ficar com 15% do que arrecadássemos. Eu e minhas obreiras, claro, ficaríamos com apenas 5%.
Muito esperto ele! Nananinanão! Daí, fizemos a “diáspora” da irmandade antes mesmo de escrevermos o regulamento do CEU.
E agora? Como transformar em céus nossas vidas terrenas? Oh, vinde a nós, benditas idéias!
Alguém, mudando de assunto, comentou que nosso governante-mor viria ao Espírito Santo, especificamente à Feira do Mármore e a Jaguaré, trazendo em sua comitiva 500 seguranças.
O quê? Quinhentos? Gente, quantos m² são necessários para treinar 500 homens do formato guarda-roupas duplex? Quanto será que cada um ganha por viagem? E olha que o “moço” gosta de viajar, hem! Já pensou se transformarmos o Centro Ecumênico Universal em Ceguranças Enteiramente Umanos? O quê? Para manter a sigla vale até assassinar a última flor do Lácio?.
Discute para lá, ri para cá, decidimos publicar nos jornais o seguinte anúncio:
“ Se você tem mais de um metro e oitenta, é “marombado”, “bombado”, “sarado”, barriga de “tanquinho”, braços fortes e musculosos, gosta de usar óculos escuros, ponto eletrônico de escuta, colete salva-vidas sob o paletó e quer ganhar R$2.000,00 (dois mil reais) por mês, venha ser um guarda-costas do meu, do nosso e do CEU- Centro Excelência Única.
No CEU você será treinado pelo experiente ninja, faixa preta, José Carlos Carvalho, mestre em artes marciais pela escola chinesa de Kung-fu-karatê-judô-jiujitsu-ninjutsu, aikidô, Chu en Lai, por apenas 10 parcelas de R$ 200,00”.
Bem, ninguém precisa saber que o treinamento envolve subir e descer o Convento da Penha, carregando, nas costas, o “corpitcho enxuto” (coisa meiga, uns 100kg apenas) de nosso ninja mestre. Outra coisa que também não será importante falar é que o nosso CEU é uma empresa que cobrará do governo, por cada segurança, 5 vezes o salário de cada um, ou seja: R$10.000,00.
Já multiplicou essa grana por 500, meu caro leitor? Você quer ser treinado no CEU ou franqueado do CEU? Nossa franquia é baratinha (modestos R$10.000,00 + R$100,00 por aluno matriculado), mas nós somos limpinhos e oferecemos know-how, treinamento com nosso ninja e assessoria de marketing visual.