EMBALANDO O DESCANSO (BVIW)
Recostada languidamente, minha avó balançava seu cansaço na cadeira de balanço. Embalava o descanso físico após um árduo dia de trabalho braçal. A mente sem estresse, o tempo era tranquilo, as preocupações se resumiam em deitar e acordar cedo, ordenhar as vacas, alimentar os animais, ombrear na lavoura com meu avô. Filhos, seis ao todo, não acrescentavam preocupações. Obedientes, tomavam conta das lidas da casa, as roupas eram confeccionadas nas velhas máquinas de costura, não havia consumismo. Creio que minha avó era feliz...
Empertigada, numa dura cadeira de rodinhas, a tendinite me judia frente ao computador. Tento embalar o descanso após estressante dia de trabalho mental e busco a Internet para desanuviar a mente. O tempo corre célere e o pensamento, em cadeia, vai desfiando o rolo imenso das atividades para o dia seguinte. Dói o braço, dói o pescoço, dói as costas... Mas é assim que desopilo a "cuca". Se nada disso resolver, um Rivotril me leva ao mundo dos sonhos depois. É, não se vive mais como minha avó...
Duas épocas nem tão distantes, duas vidas distintas que parecem não fazerem parte de uma mesma existência. O modus viventi de minha avó parece pré-histórico frente à modernidade que, há cinquenta anos, alçou vôo de uma cadeira de balanço e pousou, de paraquedas, frente a um computador.
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* E não é que ganhei o Bronze?
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