Maria José
São doze horas da manhã. No ônibus escolar que conduz as crianças para casa, uma menina de cinco anos. Mas a sua alegria é também o caderno de classe e, em especial, a tarefa de hoje. Olhando o tamanho dos pés de mandacarus, pergunta-se de repente: “O nome da gente é mesmo com inicial maiúscula?” E sorri.
Saber escrever o nome é muito importante. E não se trata de uma tarefa fácil! O pai não sabe fazer o dele! A mãe, cheia de paciência afetiva, ajudava-a muito. Pensa nos irmãozinhos pequenos que ainda não vão à escola. Em que o maiorzinho tem apenas dois anos. Um dia saberá ler e poderá ensiná-los.
Assim pensando, transcorre o restante do caminho a pé após deixar o ônibus. O sol de um amarelo ouro dificulta os passos mesmo que o percurso seja de uns poucos metros. Ignora os cachorros a sua volta e abre o portão da casa. O irmãozinho de nove meses está mamando e a mãe a recebe entre sorrisos, com palavras de boas vindas. A menina não saberia dizer o nome do sentimento que lhe enche os pequeninos olhos do brilho tal o da mãe.
É bom estar em casa. Tão calma... Tão silenciosa de carros!... E mesmo o choro dos meninos por seus materiais escolares era gostoso!
O pai acha que isso a deixa zangada. Pois não deixa não. Ah, talvez só um tantinho.
Vai atrás da mãe na direção da cozinha logo que vê o irmãozinho quieto na rede. A alegria de saber escrever o nome é um formigamento urgente de contar. A única maneira de sossegar a mente é mostrar o caderno.
_ Mãe, veja uma coisa...
E expõe a folha do caderno onde se vê em letras garrafais:
MARIA JOSÉ.