Até o capeta a rejeitou...

Na revista Veja, de 25 de maio de 2011, há duas reportagens sobre suicídio. A primeira, refere-se ao que ocorreu na cidade chinesa de Changchun, intitulada “Vestido de noiva”. A jovem Li, de 22 anos, universitária, ao tomar conhecimento que seu amado noivo havia casado com outra, às vésperas de seu casamento, joga sua bolsa fora e seu celular, contendo uma mensagem dizendo do seu desejo de morte. Veste-se de noiva e atira-se do 7º andar, só que um policial que teve acesso à mensagem, adentrou ao apartamento e, da janela, consegue segurar a desesperada e triste noiva, pelo vestido, contando com a ajuda do vizinho do andar debaixo. Seu noivo foi desleal, infiel e traidor. Quanto à noiva, só um desespero desmedido justifica a passagem ao ato para cometer o suicídio por causa de uma brutal desilusão.

Outra reportagem, na mesma revista, conta a história do suicídio do jovem Wanjiru , de 27 anos, vencedor da maratona de Chicago e, também, dos Jogos Olímpicos, em Pequim, em 2008. Em sua própria casa, estava transando, quando foi surpreendido por sua esposa. Houve discussão e ele, impulsivamente, pula do 2º andar, em Nyahururu, no Quênia. Final trágico para uma traição descoberta. Como estarão se sentindo a amante e a esposa? A culpa pesará em algum ombro?

Há poucos dias uma garota de seus 34 anos revela a uma amiga, da mesma idade, que havia tentado o suicídio há três dias. Esta garota é bipolar; fiz, por um tempo, academia com ela e sabia de seu namoro conturbado, confuso, envolvendo agressão. Houve fases de namoro com homens casados e outras atitudes que não se enquadravam no chamado comportamento normal. Era uma moça muito bonita, mas a doença chega a enfear as pessoas e foi se transformando. Disse ela que tomou meio litro de vodka com todos os comprimidos anti-depressivos que tinha em casa e que não eram poucos. Fala que não teve reação nenhuma. Esperou tanto que a morte viesse e a levasse, mas nada aconteceu. É filha única e tem uma história de grande rejeição por parte da mãe e o pai é como não existisse. Foi ao seu psiquiatra e está, mais uma vez, medicada. A amiga lhe diz, em tom de brincadeira: “Fulana! Até o capeta lhe rejeitou!”

Os casos destes jovens ligados às tentativas e consumação do suicídio nos deixam perplexos. Poderemos atribuir a uma grande aflição, a uma desilusão, a um cansaço para não querer continuar enfrentando os desafios ou uma falta de senso ou razão. Essas possíveis motivações não justificam atos tidos como insanos, são resultantes de um desequilíbrio emocional ao extremo. Aprendemos que o instinto de conservação da vida é primordial e, quando nos deparamos com esses casos, dá-nos tristeza porque, por opção, houve atentados ao viver.

Edméa
Enviado por Edméa em 24/05/2011
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