ÀS OUTRAS GERAÇÕES

Compareci recentemente a uma reunião social, quando tive a oportunidade de conhecer um professor universitário aposentado que, na ocasião, estava acompanhado de sua filha, cuja idade está por volta dos treze anos.

A jovem acompanhou parte da nossa conversa, demonstrando um singular interesse pelo que falávamos. Os assuntos, variados, iam das experiências que eu e o meu novo amigo tivemos a oportunidade de colher ao longo das respectivas jornadas, dos lugares que tivemos a oportunidade de conhecer, das especificidades de cada uma das carreiras, passando pela política e pelas dificuldades da vida atual.

Num dado momento, chamada a opinar sobre o assunto sobre o qual estávamos discorrendo, a menina demonstrou um razoável conhecimento para a sua pouca idade. De uma boa capacidade de absorção dos assuntos, teceu um ligeiro, mas pertinente, comentário sobre a política brasileira nos dias atuais.

A clareza com que esboçou a sua idéia permitiu-nos, ao pai dela e a mim, colocá-la na conversa. E a jovem, claro que com menor participação do que os dois adultos, não nos decepcionou em nenhum dos assuntos. O que me levou a tecer um comentário a respeito da geração da minha nova amiga.

Tenho, para mim, que essa geração terá meios e motivos para ser mais bem sucedida do que a minha. A velocidade na área da informação de que eles dispõem não era sequer sonhada por nós quando eu estava naquela fase da vida. Contam com a instantaneidade do rádio e da televisão, podem desfrutar de revistas e jornais ao alcance de uma família da classe “pretensamente” média (minha conversa com o pai da garota começou por este tema), operam a Internet com desenvoltura e têm, sem sombras de dúvidas, um poder de questionamento infinitamente maior do que os jovens de outras épocas.

Se tomarmos como exemplo o processo eleitoral brasileiro, sobretudo para o cargo mais importante do país – o de Presidente da República, certamente o mais atual alvo de qualquer reunião, esses jovens estão colecionando informações valiosas para quando chegar o momento de votar. Embora não tenham vivido a época dos governos militares, do Sarney e do Collor, são de inegável presença na mídia nacional as mais variadas opiniões sobre tais períodos. Ainda que na pré-adolescência, creio que puderam ter (os nossos jovens) o mais amplo conhecimento a respeito do que foi a eleição do atual governo. Estão reunindo, então, dados que irão influir na sua decisão na hora de votar. Verão que promessas de campanha (quase sempre sem possibilidade de cumprimento) e carisma não bastam para garantir um bom governo. Presenciam conversas com a família, onde as preocupações com a instabilidade (ou ela não está existindo?) envolve pais, mães e filhos.

Essas cotidianas avalanches de informação estão inundando a cabeça dos nossos jovens. Cabe a nós apenas ajudá-los a ordená-las. O seu poder de questionamento, antes aludido, é que vai possibilitar a cada um deles sua decisão sobre a escolha na hora do voto. Se não concordarem (observe-se que eles possuem um interminável número de informações coletadas), estarão em condições de contraporem idéias e analisarem candidato a candidato. Estarão certos e convictos na frente da urna eletrônica para digitarem a sua vontade única e exclusiva.

A colaboração que a minha geração presta a eles, então, é a de fornecer-lhes os meios de comunicação e orientá-los no ordenamento das informações colhidas. O quê não deixa de ser um motivo para rejubilar-me por ter podido oferecer essa alternativa.

E, assim, ter colaborado para a melhora do nosso Brasil.

PETROCCHI
Enviado por PETROCCHI em 24/05/2011
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