Para não escrever amor nos braços.
Tu pensas que está sozinho. Tu achas que não tens nada. Tu sabes que não tem ninguém. O tempo corre diante teus olhos, e tu não consegues alcançá-lo. E mesmo que conseguisse, tu não saberias o que fazer com ele. Guararia-o em qualquer lugar feio e mal-cuidado, dentro do teu coração, e todos sabem que isso é egoísmo. Seria melhor deixá-lo passear por fora de ti, apesar da enorme presença que continua tendo em tua vida.
Tu se entregas à qualquer objeto pontiagudo que por tantos meses estivera guardado em uma gaveta esquecida naquele quartinho de empregado empoeirado que há muito tu abandonou. Ninguém nota. Tu não queres que ser notada, também. No momento em que tu deixastes o corpo colidir com a parede de cimento áspera, não foi com a intenção de atingir alguém, além de si mesma.
Sabe aquele pensamento que há tanto tempo acompanha a ansiedade por aquela melhor-pessoa-do-mundo, que te despertará os sentimentos adormecidos, e resgatará aqueles que se perderam no tempo, te fazendo sorrir a cada instante, dando-lhe a certeza da felicidade? Pois é pura ilusão. O mundo está repleto de melhores-pessoas-do-mundo que, em poucos minutos são capazes de estarem ao seu lado, com palavras de consolo que te encorajam. O único problema é que torna-se cada vez mais difícil acreditar na mais verdadeira voz que chega á teus ouvidos: sempre parece que nada do que elas falam fazem referência à você.
É o sentimentalismo, aos poucos destruindo tudo que há de melhor em você.
E só há uma melhor-pessoa-do-mundo capaz de te salvar: Você mesma.
É, talvez o melhor seja mesmo desistir.
Eu sou a melancolia, e há muito tempo moro (na maioria das vezes), sozinha em mim. Espero ansiosa por novos inquilinos.
"Às vezes em que eu quase morri... Será que eu tinha que ficar aqui? Será que é tanto assim que eu tenho pra falar?"
To not write love on my arms. But maybe butterflies.