Cinema X Cinema

Estive lendo uma crônica de cinema. Tem muita gente que não leria só por causa do assunto. (claro, há os que não gostam de ler, mas estes se alijam de muitos temas, não só deste). O cronista, que me pareceu ser especialista em cinema independente com as raízes fincadas no gosto pela escola européia de vanguarda, guardava certa distância das opiniões pessoais, fazendo seu texto mais parecer uma reportagem, porém deixava claro um contido entusiasmo pelo burburinho da velha guarda em Cannes. Durante seus comentários, deixou escapar uma comparação com o cinemão americano e seu incompreensível sucesso de orçamento e público. Parece que a mesma dificuldade que os adeptos do bom cinema têm em aceitar o sucesso dos filmes arrasa-quarteirão, os fãs desses têm em compreender o cinema “de uma câmera só” da escola independe, embora esta última tenha fornecido (em doses pequenas) estilo e alma às mega-produções.

O binômio “entretenimento / arte” seria o ideal, no entanto nem sempre vêem juntos (para não dizer: raramente). O fato é que o cinema de entretenimento é quem manda, digo, o dinheiro é quem decide, ou ainda: o gosto do público (o que entope as salas) é quem exige. Arte é arte. Pode ser quase tudo de bom, mas não diverte.