O ARCO-ÍRIS E A LUA
Ontem cedo, por volta das sete horas, estava na minha condução a caminho do trabalho, quando a certa altura do trajeto, olhando à direita, contemplei um belo arco-íris. Maravilhoso fenômeno da Natureza que me surpreendeu pelo inusitado aparecimento. Embora o dia amanhecesse nublado, com uma chuva fina intercalada com tímidos raios de sol, prenúncio para o surgimento de arcos-íris, jamais tinha visto um neste horário matutino. Encantado pela surpresa do visitante, imediatamente vem à minha mente as estórias que ouvia nos meus tempos de criança. Entre tantas, uma que sempre me marcou: quando aparecia um arco-íris, alguém falava que no fim dele havia um pote de ouro e na inocência da tenra idade a gente acreditava. Hoje sei que o arco-íris é um acontecimento natural, formado quando o sol reflete as gotículas de água da chuva suspensas no ar. É composto de sete cores: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta.
O meu dia de trabalho seguiu sua rotina habitual e num breve intervalo de uma reunião, conversando com uma amiga, soube que ela também o havia visto e tivera a mesma reação que eu e o mesmo contentamento.
Este dia era especial, muito diferente dos já vividos, pois me reservaria ainda uma nova e agradável surpresa. Que dia mágico! Penso que desta vez a Natureza adiantou seu relógio do Tempo para premiar os olhos sempre observadores dos poetas que procuram beleza e singeleza em cada detalhe, em cada gesto, em cada momento. Passava um pouco das cinco da tarde, fim do meu expediente. Logo após sair do prédio, quando olhei para o horizonte, avistei outra obra divina: a majestosa Lua. Ela, toda bela, num céu ainda claro, formando um cenário onde o azul degradê predominava. Lua Cheia, com uma auréola dourada projetando uma leve sombra em toda a sua volta, deliciando meus olhos com sua beleza estonteante.
Antigamente não havia tanta iluminação pública como hoje - principalmente nas cidadezinhas interioranas, o que nos proporcionava um espetáculo de estrelas em profusão. Sabíamos suas posições e seus nomes: o Cruzeiro do Sul, as três Marias e tantas outras. E as estrelas cadentes, privilégio dos olhares mais atentos ? Por sua vez, a lua seguia sua trajetória, passeando vagarosamente entre as nuvens, sem nada que a ofuscasse. Quanto mais escuras, mais exuberantes eram as noites.
Nesta época do ano, que não estamos no horário de verão, é raro ver uma lua surgindo tão fulgurante, ainda ao cair da tarde, dividindo o espaço celeste com o preguiçoso Sol se aproximando do poente.
Oh! Lua, minha musa inspiradora! Testemunha de tantos momentos felizes, companheira inseparável das horas solitárias e tristes. Quando te vejo converso com Deus, imaginando sua infinita grandeza.
Passos rápidos até o local da minha condução, à distância me seguias numa doce cumplicidade. Enquanto aguardava meu ônibus – que demorou demasiadamente - em pensamento te fazia confidências e isto me acalmava e amenizava o cansaço de um dia de trabalho árduo.
Quisera ser um astronauta para te ver de perto e, quem sabe, poder te tocar, misteriosa deusa da noite. Ouvi dizer que São Jorge mora na lua. Que inveja, meu santo guerreiro !