GLÓRIA, GLÓRIA... ALELUIA!

Não posso acreditar num Deus que quer ser louvado o tempo todo

(Nietzsche)

Tem gente que acha glorioso demais rezar antes das refeições, e, por isso, acham que suas almas estarão salvas: os mesmos que, sem pena, lascam muita gente pra conseguir o pão de cada dia!

Não é que eu abomine as religiões... devoto a elas o meu ódio por elas pregarem a bondade e saírem por aí fazendo o mal, espancado os corpos das pessoas prometendo acariciar suas almas.

As maiores guerras da humanidade são e foram causadas em nome de Deus. Mas o pior é que o coitado do Deus não tem nada a ver com isso! Eu acho que o povo Judeu, que defende a palavra de Moisés, o cara que disse o mandamento divino: “não matar”, exterminar palestinos; um povo cristão, que defende o cristo, ter exterminado pessoas nas Cruzadas defendendo o nome de Deus; ou quando homens amarram em seus corpos bombas e se detonam em nome de um tal de Alá... acho que nenhuma dessas ideologias religiosas merecem o respeito da humanidade. Sem contar o que fazem diversas outras religiões ou seitas... mas prefiro atacar as três maiores religiões monoteístas que vivem sacudindo o mundo, vendendo uma fé hipócrita e doentia.

Eu só não entendo o porquê de rezar, orar, fazer o culto diário pelo bem... mas continuar fazendo maldade com a garantia que, depois de feita, basta olhar pra cima, pedir o perdão, e pronto, tá tudo resolvido...!

Garanto que o homem pediria mais perdão ao homem, se talvez, não existissem as religiões... Ao invés de fazer o mal e pedir perdão a Deus acreditando que existe uma fé que redime o pecado! Na boa, o que vejo por aí é o nome de Deus ser usado como pretexto para que o homem seja cruel. Tipo, o cara diz: “beleza, vou ferrar com mais um aqui, daí, quando chegar domingo, vou à igreja e peço perdão a Deus, legal?”. Os protestantes adoram fazer isso.

Num dia desses, certa vez me perguntaram: “Manel, então porque às vezes você vai ao terreiro de macumba, igreja católica ver missas ou cultos protestantes?” Eu respondi: porque não sou burro, né? Além do mais, adoro a arte. Camarada, existem igrejas arquitetonicamente lindas, belas, obras de verdadeiros artistas. Assim como existem padres e pastores que têm o dom da oratória de botar político mequetrefe no bolso... também tem muito pai de santo que dança e canta melhor que qualquer artista do axé ou sertanejo, e isso engrandece a minha cultura. Eu não entro lá pra adorar os seus deuses ou endeusar os seus cultos e rituais, mas para apreciar e admirar a arte, a oratória, a escultura e a musica que eles têm... é mínima, mas existe. Poxa, se eu tenho um amigo que é religioso ferrenho e quer se casar na igreja, dou a ele os meus pêsames, mas porque não ir ao seu casamento? Vou por um motivo apenas: o meu respeito e admiração ao amigo e nada mais. Nada está além da amizade... Nada! Muito menos minhas ideias. Ó, meu chapa, se alguém querido me convida pra ser padrinho de algum parente seu e faz muita questão por isso, porque rejeitar? Eu não deixo que a minha filosofia atrapalhe minha vida, pelo contrário, que ela me ajude. Essa é uma grande virtude das minhas ideias! Eu encaro essas coisas tão somente como um ritual de amizade, e que SE DANE a igreja! Iria da mesma forma se tais rituais fossem celebrados numa praça ou parque. Pra mim, qualquer religião, é só mais um entretenimento alienante da humanidade! Como se fosse mais uma novela das oito. Não vejo diferença nenhuma.

Ora, eu não posso deixar que o meu ódio me torne um cara ignorante. Se a religião me usa como uma peça do seu jogo, eu a uso como o tabuleiro do meu. É simples, ela me explora, eu a exploro!

Só fico irado, porque no meu batizado, eu não pude escolher aonde eu devia ser batizado, até porque eu nem 1 ano completo ainda tinha... Por exemplo, o batizado da minha afilhada foi lá na igreja matriz de minha cidade... mas claro, porque eles escolheram, pois, por mim, teria sido no quintal da minha casa, e quem teria batizado a inocente, não teria sido, nada mais nada menos, que o velhinho vendedor de algodão doce. Basta ela ver o danado do velho vindo de longe com um pedaço de pau pendurado no ombro, cheio de algodão doce ensacado, acompanhando uma bexiga colorida dentro do saco... E não dá outra... A menina, banguela, abre o sorrisão mostrando a janelinha no meio dos dentes porque seu dentinho de leite caiu, e diz: “padinho, compe gudão pá mim”. Oxente, daria no mesmo! Só que, fui voto vencido. O duro é que tanto o meu batizado, quanto o de minha afilhada custou uma fortuna. Imagina então, quanto não custará o meu casamento, se por um acaso, eu me casar com uma dessas mocinhas patéticas, que pensam que um casamento diante do altar, benzido por um padre babão, irá trazer a sua felicidade eterna no amor...Coitada! Mas, se for da vontade dela... “tô nem aí”!

Estou pra ver uma igreja que não viva da esmola de seus seguidores. Acho o máximo quando vou até uma delas, e num determinado momento, eles choram miséria e passam o jereré com uma bolsinha dependurada pedindo moedinhas, ou nos convidam a ir ao ofertório... Isso me faz lembrar as prostitutas rodando a bolsinha, que eles tanto criticam como algo do diabo e do pecado! Mas também confesso, quando era moleque, eu vivia numa dessas casas paroquiais, pois era amigo de outro moleque, o João Maguinho, que era criado pelo padre daquela paróquia... e uma vez, ao fingir que ia pôr moedas na bolsa, roubei-as. Bem como, às escondidas, roubamos, eu e o João, o dinheiro do ofertório da igreja... Deus me perdoe! Ah, mas teve uma fuleragem maior: nós cismamos de assistir filme de sacanagem escondidos com mais dois amiguinhos e quatro amiguinhas, em plena casa paroquial. Mas por essa não vou pedir perdão não, pois o padre descobriu e pagamos pelo pecado: descarregamos uma carrada de abóboras que o infeliz trouxe da fazenda para as refeições dos pobres e carentes da comunidade... por isso não vou pedir perdão, tá beleza, Deus!?

Lembro que fiquei, depois de descarregar tudo, resmungando sentado na calçada alta da casa do padre, olhando pra baixo e fazendo bico dizendo: “páde galado da porra ômi!”

Outra coisa que me faz ter muita pena das igrejas é ver que elas se acham super santas pela caridade que fazem, tal qual a piedade que dizem ter... elas fazem isso por aquele sujeito pobre e oprimido. Cara, o ideal não é essa caridade, pois esse tipo de piedade é a pena que temos do pobre e miserável; é aquela alegria que temos de não sera gente vivendo aquilo no lugar deles. Como dizia Oscar Wilde: “até hoje dificilmente o homem tem cultivado a solidariedade (...) ele é solidário apenas na dor, e a solidariedade na dor não é a forma mais elevada de solidariedade (...) há nela um certo temor por nossa própria segurança.Temos medo que nós próprios venhamos a ficar como o leproso ou o cego, e ninguém se importe conosco”.

Por isso cheguei à conclusão que piedade sincera é aquela em que nós lutamos pela potencialidade de alguém, dando o direito para que esse alguém tenha dignidade, e quando ele for potente e digno, conseguir ser feliz e de bem com a vida, nos sentirmos felizes por ele. Mas isso é muito difícil de acontecer. Na maioria das vezes quando isso acontece, desperta-se mesmo a inveja. Assim é o homem, o criador das religiões!

As religiões pregam o bem? Pregam! As mesmas religiões fazem o mal? Fazem! Todo dia o homem sonha com a bondade? Sonha! Todo dia esse mesmo homem cultiva a maldade? Cultiva! Mas o que eu tenho a ver com isso?! Cada qual faz o que quer e acredita na verdade que quiser, né!?

Como diria Mário Quintana: “não importa saber se a gente acredita em Deus: o importante é saber se Deus acredita na gente”.

O principal culto do homem é o desejo de ser poderoso. Tai o porquê de tanta religião e de tanta maldade... É por querer mandar na verdade e impor ideologias que o mundo nunca conseguiu ser um lar doce lar!Se os homens, em vez de religiosos fossem mais filósofos, eles deixariam de impor ideias e passariam a expô-las sem que, em nome de uma verdade, fosse preciso tanto derramamento de sangue. Eu sonho com isso sem precisar que se ajoelhem aos meus pés, nem por isso prejudico “seu ninguém”.Esse é o meu sonho e sem a minha utopia eu não sou nada...É uma ilusão, mas e daí?... É a minha ilusão!

Ei... vou nessa, valeu aí, abraço. Tenho agora uma missa de sétimo dia pra ir de um amigo que eu gostava muito – o Zé Maria. Pena que vai ser na igreja. Por mim, seria mesmo no bar do Tião, era lá que a gente vivia todo dia bebendo, jogando baralho e sinuca... o lugar onde mais a gente sorria, se divertia e ficava prosando. Muito mais que em nossas próprias casas ou com nossas famílias. Seria mais justo se o luto acontecesse por lá, com uma ciranda de amigos cantarolando e arrodeando seu caixão... seria uma forma menos fúnebre e mais sincera de agraciá-lo.Fica aqui a dica: espero que os rituais da minha morte aconteçam num bar, cabaré ou cassino com muita música e alegria. Pago pra ver!

Rapaz, mas se realmente o mundo se acabar hoje, como disse mais um guru idiota desses que tem por aí em qualquer esquina, de uma religião ou seita evangélica qualquer, lá pras bandas da desgrama dos Estados Unidos... tal qual Nostradamus o fez e deu com os burros n’água... Lascou! O que será do padre, do João Maguinho, de mim e do Tião do bar, hein?!

Mundo acabar, é!? Depois, só porque eu zombo da cara dos “deuses”, não venha me dizer que o imbecil dessa estória aqui sou eu, tá?!

É, parece que mais uma vez o mundo não se acabou!

21/05/ 2011