De pão e de letras nos alimentamos
De algum modo, todos querem se fazer ouvir. E, se apesar disso, dizer algo for difícil, esperam que faça sentido e que o outro os reconheça.
Todos têm essa vontade dentro de si e, ainda que precariamente não consigam expressar suas idéias, suas emoções, fazem o possível para serem conscientes e expressivos.
As palavras compõem todo o nosso ser, atravessa dimensões que vão desde a vida diária até nossos sonhos. Com elas falamos, pensamos, e escrevemos a nossa história.
Em muitos momentos até brigamos na tentativa de organizar nossos pensamentos e idéias. Pensamos para falar e, às vezes, falamos sem pensar. Escrevemos para que os outros reconheçam em nós a voz do outro. Escrevemos para que exista a relação de troca entre duas consciências sadias e livres pensadoras. O reconhecimento de nosso esforço é a moeda que nos alimenta, que nos empurra para frente e além.
Assim, a linguagem e a escrita desenvolvem a capacidade de comunicação com as palavras, e nos faz sentir mais livres.
A liberação da linguagem e do pensamento passa necessariamente pelo espírito, para depois despejar-se no mundo material através da fala e da escrita.
Escrever é comunicar o que foi ou está sendo vivido; é resgatar em cada linha aquela lembrança ou idéia que merece ser compartilhada; é enunciar os desejos e as esperanças.
Escrever também é esclarecer e organizar as idéias, porque precisamos das palavras tanto quanto precisamos de amor. Escrever é doar, é retirar de dentro, expor desavergonhadamente o que somos e o que podemos ser. Afinal, não existe escrita que não seja construída com o corpo e com a emoção.
Assim, quando alguém desiste de escrever motivado por fatores alheios a sua vontade, por falta de reconhecimento, por ter sido calada pela ignorância e/ou aliciada pelo pseudo-blogueiro/leitor, devemos ficar tristes.