REVELAÇÃO

Volta e meia crio asas. Elas são efêmeras e duram o tempo do desabrochar de uma delicada flor. Então, examino a direção do vento a levar as nuvens que ocultam o sol e me lanço no azul, compartilhando o espaço com sabiás, canarinhos e gaivotas, ou troco de azul e, entre um mergulho e outro, confraternizo com peixes e golfinhos, em meio às conchas e estrelas do mar.

Sim, sou diferente de todos da minha espécie, e alguns já perceberam isso! Minhas mãos ficam diferentes e meus olhos também... E o mais interessante de tudo é que eles não ligam pra isso! Então, conto-lhes como é ver o mundo voando de ponta-cabeça e sorrio quando desconhecidos me flagram testando minhas asas, estupefatos a dizer: “Nossa, como é que consegue!”.

Só percebi essa disparidade quando as pessoas acabaram por denunciar que eram elas que tinham asas atrofiadas.

Passado muito tempo, certa vez, em um dos meus passeios solitários alguém me mostrou um par de asas também. Julgava-o um anjo...

Oh! Lindo Poeta! Minha paixão! Sou grata por pintar com palavras um porto seguro para os meus pousos...

Amo o Poeta... Amo voar...

Amo a diferença e a igualdade... Uma não existe sem a outra.

Eu não existo sem você!

Sim, sou feliz como sou- tendo minhas asas que me levam às alturas!

É... Mas o lugar dos meus pés é no chão!

ELENIZE 15/05/2011

Izenetti
Enviado por Izenetti em 20/05/2011
Reeditado em 28/04/2017
Código do texto: T2982972
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